A Europa sofreu em 2023 prejuízos de mais de 13.400 milhões de euros devido aos fenómenos meteorológicos extremos, como ondas de calor e inundações, calculam a ONU e o programa da União Europeia (UE) Copernicus.
“Estima-se que as perdas económicas relacionadas com a meteorologia superaram os 13.400 milhões de euros em 2023”, adianta o relatório “Estado do Clima” na Europa 2023 divulgado esta segunda-feira, que adianta também que, de acordo com estimativas preliminares da Base de Dados Internacional sobre Catástrofes (EM-DAT), no ano passado morreram 63 pessoas em tempestades, 44 em inundações e outras 44 em incêndios florestais.
“A crise climática é o maior desafio da nossa geração. O custo da ação climática pode parecer elevado, mas é muito maior o da inação”, lamentou a secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Celeste Saulo.
O Dia da Terra assinala-se esta segunda-feira para defender e preservar os recursos naturais
As temperaturas na Europa em 2023 estiveram acima da média durante 11 meses do ano e setembro foi o mais quente de que há registo. “Setembro registou a maior anomalia mensal de temperatura de que há registo, com 0,93ºC acima da média. Foi o primeiro ano em que todos os dias estiveram 1°C acima do nível pré-industrial. Quase metade dos dias foram mais de 1,5°C acima do nível pré-industrial, e dois dias foram, pela primeira vez, mais de 2°C mais quentes”, indica o relatório do serviço europeu Copernicus sobre alterações climáticas (C3S, na sigla em inglês) e da OMM.
Setembro foi o mês mais quente de sempre por margem “extraordinária”
No pico da onda de calor de julho de 2023, 41% do sul da Europa foi afetado por um “forte stresse térmico”. De junho a setembro foram registadas ondas de calor, incêndios florestais, secas e inundações. “Em 2023, a Europa testemunhou o maior incêndio florestal alguma vez registado, (ao mesmo tempo)foi um dos anos mais chuvosos, com fortes ondas de calor marinhas e inundações devastadoras generalizadas”, advertiu o diretor do C3S, Carlo Buontempo.
Registaram-se grandes fogos em Portugal, Espanha, Itália e na Grécia, que sofreu o maior incêndio florestal de sempre na União Europeia (UE), com cerca de 96.000 hectares (ha) ardidos. No total, a época de incêndios florestais registou a quarta maior área ardida — 500.000 ha — desde que há registo na UE. Também cerca de 1,6 milhões de pessoas foram afetadas por inundações.
Na região europeia da Organização Mundial de Saúde a mortalidade devido ao calor aumentou cerca de 30% nos últimos 20 anos.
Entre 2000 e 2022, é estimado que as mortes relacionadas com o calor tenham aumentado em 94% das regiões europeias monitorizadas, sustentando que o efeito do tempo quente na saúde humana é mais acentuado nas cidades.