“Queremos um futuro de liberdade onde não caibam campos de morte lenta” como o de Chão Bom, nome dado à antiga prisão do Tarrafal, em Cabo Verde. Esta foi uma das mensagens principais transmitidas por Marcelo Rebelo de Sousa num discurso que fez esta quarta-feira.
As declarações foram proferidas pelo Presidente da República na celebração dos 50 anos da libertação dos presos políticos do Tarrafal, em Cabo Verde. Marcelo aproveitou o discurso, perante figuras como os Presidentes de Cabo Verde e da Guiné Bissau, para dizer que a história de Tarrafal representa uma “lição de um passado de tortura e opressão que não mais queremos que se repita“.
O campo do Tarrafal foi criado por “uma ditadura imperial colonial que reprimiu portugueses e também os irmãos guineenses e cabo-verdianos num modelo inspirado nas mais sanguinárias ditaduras europeias daqueles anos 30, desterrando [os presos políticos] para longe das suas famílias, para irem morrer lentamente”.
Onde houve a morte, queremos a vida. Onde houve a repressão, a tortura, nós queremos o respeito da liberdade, a construção da democracia, a tolerância e a busca da paz e da concórdia. Isso é tão importante no nosso presente e no nosso futuro.
Este museu, que se quer vivo, serve para lembrar os jovens de hoje, os jovens de amanhã, daquilo que devem rejeitar sempre. Sempre. Não há confusão possível entre a opressão e a liberdade, a ditadura e a democracia.
“Queremos um futuro de liberdade onde não caibam campos de morte lenta como este”, atirou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “o povo português assume em plenitude a rejeição deste passado e a construção de um futuro diferente”.
Não mais queremos que se possa repetir aquilo que foi vivido aqui durante quase 40 anos – e vivido aqui de forma mais brutal do que foi vivida em Portugal, em Angola ou na Guiné-Bissau”, afirmou Marcelo.
O Presidente da República, perante uma plateia que também incluía Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou que “a democracia e a liberdade constroem-se todos os dias, de todos os meses de todos os anos”. “É esse o nosso compromisso, lutarmos em conjunto por esse futuro que queremos, para que não mais se regresse ao passado que rejeitamos”, concluiu.