A associação ambientalista Zero manifestou-se nesta sexta-feira contra a construção de uma conduta no Pomarão para levar água do rio Guadiana até à albufeira de Odeleite, no Algarve, criticando o aumento da oferta de um recurso que considera ser escasso.

Em comunicado enviado à Lusa, a Associação Sistema Terrestre Sustentável (Zero) manifestou-se desfavorável ao projeto de reforço do abastecimento de água no Algarve a partir da solução da tomada de água no Pomarão, sustentando que o aumento da oferta “não pode ter por destino consumos insustentáveis”.

Os ambientalistas sublinham que “todos os cenários futuros apontam para uma contínua redução dos valores anuais de precipitação, reforçando a necessidade de se apostar numa estratégia de longo prazo assente em soluções direcionadas para uma maior eficiência no uso da água disponível”.

O projeto prevê a captação de água superficial na zona estuarina do rio Guadiana, na proximidade da povoação de Mesquita, a montante do Pomarão, no concelho de Mértola (Alentejo), e a construção de uma conduta até à albufeira de Odeleite, no concelho de Castro Marim (Algarve).

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A captação de água no Pomarão é uma das medidas definidas no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve para a qual estão previstos 61,5 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) 2021-2026.

Os traçados da conduta adutora apresentam três alternativas (a primeira com duas variantes), que percorrem os concelhos de Mértola (Beja), Alcoutim e Castro Marim (Faro), numa extensão total de condutas que varia entre 37 e 41 quilómetros, em função da alternativa de traçado.

Segundo a Zero, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projeto, cuja consulta pública terminou na passada segunda-feira, “desvaloriza os possíveis impactes transfronteiriços do projeto”, que deve ser negociado com Espanha, no âmbito da Convenção de Albufeira entre os dois países ibéricos.

Qualquer avanço sem a prévia negociação irá colocar o projeto numa posição de ilegalidade, à semelhança do que já acontece com a captação Boca-Chança, realizada por Espanha, localizada a jusante do local previsto para a tomada de água do Pomarão”. advertem os ambientalistas.

A captação de água no Pomarão é uma das medidas previstas no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, para o qual estão destinados 200 milhões de euros provenientes do PRR, além da futura estação de dessalinização, da produção de água para reutilização e da redução de perdas de água no setor urbano.

O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 5 de fevereiro, tendo o anterior governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.

Na terça-feira, o atual Governo admitiu aliviar os cortes no consumo de água na região, no setor urbano e na agricultura, estando vários cenários em cima da mesa, revelou a ministra do Ambiente, após uma reunião da Subcomissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras.

Governo admite aliviar cortes ao consumo de água no Algarve

Na ocasião, Maria da Graça Carvalho adiantou que a decisão do Governo nesta matéria será anunciada no próximo encontro da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, a realizar até ao dia 10 de maio, em Faro.