E quando todos pensávamos que a gama da Renault começava a ficar arrumada e bem escalonada, com a oferta de veículos com motores a combustão a completar, sem colidir, a família de veículos eléctricos, que vai continuar a crescer a bom ritmo, eis que os franceses resolveram baralhar as nossas expectativas com a introdução do Symbioz.
Com linhas agradáveis à vista e já de acordo com a mais recente linguagem estilística do construtor francês, estreada com o Scénic eléctrico e mais recentemente replicada pelo restyling do Captur, o Symbioz anuncia um comprimento de 4,413 m, o que o coloca acima do Captur (4,239 m), mas muito próximo dos 4,516 m do Austral e dos 4,568 m do Arkana. Se a este leque de ofertas juntarmos os também recentes Rafale e Espace, ambos com 4,7 metros de comprimento, parece existir alguma duplicação na oferta, uma vez que passam a existir cinco SUV a combustão entre os 4,4 e os 4,7 metros, ou seja, no segmento C e D. Daí que, apesar da concorrência abundar para este novo Symbioz, o novo SUV irá igualmente bater-se contra outras propostas da… Renault.
Ao contrário do que acontece com os Austral, Espace e Rafale, concebidos sobre a plataforma CMF-CD, o Symbioz e o Arkana foram construídos sobre a plataforma mais simples e pequena (e barata) da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, a CMF-B, destinada a modelos do segmento B, como o nome indica, e que também serve de base para o Clio e o Captur. Isto permite-lhes serem mais acessíveis, oferecendo as dimensões e o espaço de um SUV do segmento C.
Por dentro, o Symbioz deverá proporcionar o mesmo espaço de um Captur para as pernas de quem se senta atrás (expectável, uma vez que anuncia a mesma largura, altura e distância entre eixos), mas já o mesmo não acontece com a mala, recorrendo aqui aos 17,4 cm a mais no comprimento. Se a isto aliarmos um banco traseiro que desliza 16 cm para frente (ou para trás), privilegiando o espaço para as pernas ou para as bagagens, então o Symbioz possui uma mala que oferece até 624 litros, substancialmente mais do que o Captur o Arkana, ou até mesmo o Austral.
O condutor desfruta de um dos melhores sistemas do mercado de infoentretenimento e de navegação, animado pelo Android Automotive da Google, que o construtor utiliza nos restantes modelos da gama aliado ao multimédia OpenR Link da Renault. Este sistema oferece ainda um comando por voz eficiente, com o Symbioz a estar equipado de série com o tejadilho em vidro panorâmico — com a capacidade regular a opacidade electricamente — e com 29 dispositivos de ajuda ao condutor (ADAS), na versão Iconic.
Em termos mecânicos, a oferta do Symbioz não poderia ser mais simples, uma vez que de momento disponibiliza apenas uma opção full hybrid. Trata-se da unidade que já conhecemos do Captur — e uma das mais sofisticadas da Renault — que junta um motor 1.6 atmosférico com 94 cv a uma unidade eléctrica com 49 cv, alimentada por uma bateria com 1,2 kWh. O motor eléctrico está instalado dentro da caixa de velocidades, que é provavelmente o maior trunfo da mecânica, tendo sido concebida pela Renault Sport — que também produz os motores V6 e os sistemas híbridos dos F1 da marca — e que se caracteriza por possuir três mudanças mecânicas e cinco moduladas electricamente (por um segundo motor com 20 cv), perfazendo um total de 15 cv, com a finalidade de manter o motor de quatro cilindros (a funcionar segundo o ciclo Atkinson, para ser mais mais eficiente) sempre no regime ideal.
O Symbioz com esta mecânica produz 145 cv, anunciando um consumo médio em WLTP de 4,6 litros, emitindo 105 g de CO2/km. Comparado com o anterior Captur e com o actual Arkana, ambos a anunciar uma média de 4,8 l/100 km com esta mesma mecânica, prova que o construtor conseguiu fazer evoluir o veículo (que pesa menos de 1500 kg), uma vez que não foi anunciada qualquer melhoria da mecânica. Os preços do Symbioz ainda não são conhecidos, mas o novo SUV da Renault irá chegar a Portugal em Setembro.