Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

Promessas de um salário e da rápida obtenção de um passaporte russo estão a levar cidadãos cubanos a deixar o seu país e a juntar-se às fileiras das tropas russas a combater na Ucrânia. Em alguns casos, combatentes cubanos chegam a receber passaportes russos depois de apenas alguns meses a lutar em território ucraniano, segundo uma investigação da BBC.

A emissora britânica cruzou os dados de cerca de 200 cubanos que alegadamente se juntaram ao exército russo, informações obtidas de um centro de recrutamento russo e tornados públicos pelo grupo pró-ucraniano InformNapalm, com os respetivos perfis nas redes sociais. Em 31 casos, os nomes correspondiam a cidadãos cubanos com ligações claras à Federação Russa. Uns tinham publicado fotografias com uniforme militar russo, outros em locais com placas em língua russa. A BBC também identificou casos de cidadãos que tinham alterado o local de residência de Cuba para cidades na Rússia.

De acordo com documentos obtidos pela BBC e relatos nos meios de comunicação russos, Moscovo estará a oferecer pagamentos mensais na ordem dos dois mil dólares (mais de 1.800 euros), uma valor significativo tendo em conta que em Cuba o salário médio é de cerca de 25 dólares. Também se promete um processo rápido para obter passaporte russo, algo tentador já que permite a deslocação para 117 países, enquanto o cubano está limitado a 61.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A BBC relata, no entanto, que também há caso de cubanos que são atraídos para a Rússia por salários mais altos, mas que não sabem à partida que terão de combater na Ucrânia. Alguns recebem promessas de trabalho atrativo e acabam por ser enviados para o campo de batalha.

Não é possível ter ideia de quantos cubanos se juntaram ao exército russo desde que a guerra na Ucrânia começou. Numa entrevista ao Wall Street Journal, o diplomata ucraniano na área da América Latina e Caraíbas, Ruslan Spirin, disse que o número ronda os cerca de 400.

Este esforço russo parece ser uma forma de compensar as baixas no exército ao mesmo tempo que se evita uma nova mobilização forçada na população russa, visto que a primeira gerou um grande descontentamento. Não é possível ter uma ideia clara do número de feridos e mortos ao longo dos mais de dois anos de guerra, mas uma estimativa ucraniana aponta para 475.300 baixas russas — número que não pode ser confirmado de forma independente.