O Governo demitiu esta segunda-feira o diretor nacional da PSP, o superintendente chefe José Barros Correia, anunciou o Ministério da Administração Interna em comunicado. O seu sucessor será Luís Carrilho, confirmou ainda o ministério de Margarida Blasco.
De acordo com o comunicado, a mudança de responsável “surge no âmbito da reestruturação operacional da Polícia de Segurança Pública, quer no plano nacional, quer no plano da representação institucional e internacional desta força de segurança pública”.
O comunicado do Governo foca-se quase por completo no perfil do novo chefe. Há apenas uma referência a Barros Correia: “O Governo agradece ao Diretor Nacional cessante, José Barros Correia a elevação institucional, o profissionalismo e a entrega abnegada à missão de serviço público que desenvolveu.”
De acordo com o Diário de Notícias, já corriam há vários dias rumores sobre a possível substituição de Barros Correia, mas a decisão do Ministério da Administração Interna, agora liderado por Margarida Blasco, terá mesmo apanhado aquela polícia de surpresa.
Barros Correia liderava a PSP desde setembro do ano passado e era uma figura respeitada dentro da polícia. Foi durante seu período como diretor nacional que se registaram em Portugal fortes protestos das forças de segurança, com a exigência de um suplemento equiparado ao da PJ. Barros Correia defendeu sempre a legitimidade daquela exigência.
O líder cessante confirmou, numa nota interna cujo conteúdo foi divulgado pela RTP, que não foi ele a demitir-se e que a sua demissão foi da total responsabilidade da ministra.
“Hoje, pelas 18:45, a Sra. Ministra da Administração Interna, Juíza Conselheira Margarida Blasco, comunicou a minha exoneração, sendo esta decisão da sua exclusiva iniciativa”, lê-se na nota interna citada pela RTP. Barros Correia confirmou que, na sequência desta decisão, passa à situação de pré-aposentação após “cerca de 40 anos de dedicação à Polícia de Segurança Pública, à segurança dos nossos cidadãos e a Portugal”.
De acordo com a RTP, Barros Correia usou ainda a nota interna para apelar aos polícias que continuem a cumprir a sua missão com profissionalismo e merecendo a confiança dos cidadãos.
Novo diretor nacional é polícia com ampla experiência internacional
O sucessor de Barros Correia nas funções é Luís Carrilho, um polícia com ampla experiência internacional. Desde outubro de 2023 é o comandante da Unidade Especial de Polícia da PSP. Antes disso, tinha liderado o Serviço de Segurança da Presidência da República.
“Anteriormente, o Superintendente Luís Carrilho foi graduado em Superintendente Chefe, por Despacho da Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, em 2017 e nomeado Conselheiro de Polícia das Nações Unidas (UNPOL) e Diretor da Divisão de Polícia no Departamento de Operações de Paz da ONU em 2017, tendo coordenado em 2018 e 2022 as reuniões do ‘UNCOPS — United Nations Chiefs of Police Summit'”, diz ainda o comunicado.
“Luís Carrilho serviu, ainda, como Comandante da Polícia das Nações Unidas em três operações de manutenção da paz: na Missão Multidimensional de Estabilização Integrada na República Centro-Africana (MINUSCA) de 2014 a 2016, na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) de 2013 a 2014, e na Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) de 2009 a 2012”, refere o Governo.
“Entre 1996 e 1998 serviu na Missão das Nações Unidas na Bósnia e Herzegovina (UNMIBH) e entre 2000 e 2001 na Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste (UNTAET), onde foi o primeiro Diretor da Academia da Polícia Nacional de Timor-Leste”, destaca a nota.