O exército do Paquistão afirmou, esta quarta-feira, que o atentado suicida que matou cinco engenheiros chineses e um motorista paquistanês, em março, foi planeado no Afeganistão e que o bombista era um cidadão afegão.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do exército, o major-general Ahmad Sharif, disse que quatro homens envolvidos no ataque de 26 de março em Bisham, um distrito na província de Khyber Pakhtunkhwa, foram detidos.
Sharif afirmou que o ataque que matou os engenheiros chineses, que estavam a trabalhar na maior barragem paquistanesa, Dasu, foi uma tentativa de prejudicar a relação entre o Paquistão e a China.
Milhares de chineses estão a trabalhar em projetos relacionados com o Corredor Económico China—Paquistão, uma parte crucial da iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota, que visa abrir novas rotas comerciais.
Sharif afirmou que o Paquistão dispõe de provas sólidas de que os talibãs paquistaneses, que têm refúgios no Afeganistão, estão por detrás de uma vaga de ataques que matou 62 elementos das forças de segurança em todo o país desde janeiro.
Os ataques levaram várias embaixadas estrangeiras a adotar medidas de segurança adicionais, pedindo ao pessoal diplomático e aos cidadãos do Paquistão que se mantivessem vigilantes.
Num comunicado difundido na terça-feira, o consulado dos Estados Unidos afirmou estar “ciente da ameaça de um ataque terrorista no porto de Karachi” e pediu aos cidadãos norte-americanos e ao pessoal da embaixada que se mantivessem afastados da zona.
O consulado aconselhou-os também a manterem-se discretos e alerta em locais frequentados por turistas.
Karachi, a maior cidade do Paquistão, tem sido palco de vários ataques de militantes nos últimos anos.
No mês passado, cinco trabalhadores japoneses escaparam por pouco a um ataque de um bombista suicida que teve como alvo a carrinha que seguiam e que matou um transeunte paquistanês.
Sharif afirmou que os talibãs afegãos não honraram as promessas, que fizeram à comunidade internacional antes de chegarem ao poder, de não permitirem que quaisquer forças utilizassem o Afeganistão para realizar ataques noutros países.
Os talibãs paquistaneses – um grupo separado, mas um aliado próximo dos talibãs afegãos que tomaram o poder no Afeganistão em agosto de 2021 – negaram estar por detrás do ataque de março, afirmando numa declaração na altura que “os nossos únicos alvos são as forças de segurança que nos foram impostas”.
“Não estamos de forma alguma envolvidos neste ataque”, declararam na altura.
O porta-voz do exército do Paquistão prometeu não permitir a permanência de estrangeiros sem documentos no país.
Sharif disse que as forças armadas paquistanesas concluíram 98% da construção de uma vedação ao longo da fronteira com o Afeganistão e 91% da vedação ao longo da fronteira com o Irão, a fim de controlar os movimentos ilegais, travar o contrabando e impedir ataques de militantes transfronteiriços.
Desde o ano passado, 563.639 afegãos em situação ilegal no Paquistão regressaram ao Afeganistão, depois de Islamabade ter lançado uma ofensiva contra os imigrantes ilegais, o que suscitou críticas generalizadas por parte de grupos de defesa dos direitos humanos.
O Afeganistão nunca reconheceu a fronteira porosa com o Paquistão, que atravessa a terra ascentral dos Pashtun, o maior grupo étnico do Afeganistão.