A participação dos Países Baixos na Eurovisão está, por enquanto, suspensa, enquanto a União Europeia de Radiodifusão investiga um “incidente” que envolve Joost Klein, o artista que iria representar o país na final do evento.
Klein não vai, assim, participar nos ensaios para a final do concurso até “nova decisão”. Não é, portanto, certo que marque presença no sábado, na grande final, em Malmö, na Suécia.
O comunicado da União Europeia de Radiodifusão não indicou a que incidente se referia a organização.
Numa conferência de imprensa na noite desta quinta-feira, depois da segunda meia final, em que participaram os dez apurados, Klein mostrou-se irritado com a presença da representante israelita, que foi questionada pelos jornalistas sobre se considerava que a sua presença colocava em risco os outros participantes.
“Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?”, perguntou um jornalista polaco, referindo-se ao elevar do nível de alerta terrorista na cidade de Malmö.
O moderador do evento disse que Eden Golan não tinha de responder, o que provocou uma reação de Klein (que passou grande parte da conferência com a cabeça tapada): “Porque não?”, questionou em voz alta. Entretanto, o episódio tornou-se viral nas redes sociais.
Apesar de não ser obrigada a responder, a cantora israelita disse crer estarem todos no Festival Eurovisão da Canção por uma razão, “e que a EBU [a sigla em inglês para designar a União Europeia de Radiodifusão] tomou todas as precauções para que seja seguro para todos”.
Esta não é a primeira polémica a envolver o conflito entre Israel e a Palestina nesta edição da Eurovisão, que se esperava muito politizada. Na primeira meia final — que contou com a atuação de concorrentes de edições anteriores –, o sueco Eric Saade utilizou no pulso esquerdo um keyffiyeh (lenço que é símbolo da resistência palestiniana), gesto que mereceu a condenação da organização, que criticou o cantor por “comprometer a natureza apolítica do evento”.
Israel e os Países Baixos são dois dos 26 países que disputam no sábado a final da edição deste ano do concurso, entre os quais está também Portugal, representado por Iolanda e a canção “Grito”.
Recorde-se que foram feitos vários apelos, por parte de representantes políticos e artistas europeus, à EBU para que a participação de Israel no concurso fosse vetada. Entre os vários apelos, no final de março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um “cessar-fogo imediato e duradouro” na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.
Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento “apolítico”. No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.
Na quinta-feira, milhares de pessoas percorreram as ruas de Malmö a pedir a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, por causa da ofensiva levada a cabo por aquele país na Faixa de Gaza.
A representante portuguesa, Iolanda apresentou-se no domingo na ‘passadeira turquesa’ (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espetáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do ‘keffiyeh’, um lenço que é símbolo da resistência palestiniana.
Na quinta-feira, quando a representante israelita esteve durante a segunda semifinal do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da atuação. Já na quarta-feira, nos ensaios, que tal como as semifinais e final são abertos ao público, Eden Golan tinha sido vaiada por alguns dos presentes.