A Alpine revelou este fim-de-semana o coupé Alpenglow Hy4 (“Hy” de hydrogen e “4” de quatro cilindros) no circuito de Spa-Francorchamps, palco das 6 Horas, a 3.ª prova da edição de 2024 do Campeonato do Mundo de Resistência (WEC), onde o construtor francês participa com o seu novo A424, na categoria LMDh. O Alpenglow Hy4 é a versão rolante do protótipo estático apresentado há dois anos, então denominado somente Alpenglow Concept, com a Alpine a aproveitar a visita do WEC ao circuito belga para mostrar ao público o seu novo projecto de superdesportivo, que todos esperam que venha a dar origem a um coupé de produção em série para circular em estrada.

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As imagens falam por si, em relação às formas do Alpenglow Hy4, que foi concebido como um modelo apenas para pista, mas que facilmente pode evoluir para um carro de série e que já apresenta profundas modificações em relação ao protótipo estático de 2022, reivindicando contudo uma largura de 2,15 m e um comprimento de 5,10 m. Ou seja, é mais comprido do que o habitual, uma vez que repousa sobre um chassi utilizado pelos carros que competem no WEC na categoria LMP3, no caso fornecido pela Ligier. Muito baixo, largo e longo, o Hy4 apresenta uma carroçaria que poderia na perfeição conviver na via pública com os mais assanhados supercarros da Ferrari ou Lamborghini.

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Mas o novo Alpenglow, que agora roda, fá-lo também porque irá testar um novo motor. Não um definitivo, que será um V6 com maior capacidade, mas sim um quatro cilindros com 2.0 litros soprado por um turbocompressor, uma ligeira evolução do motor que hoje anima o Alpine A110 a gasolina, que fornece 300 cv com um motor sobrealimentado com quatro cilindros e 1,8 litros na versão A110 R.

A grande novidade desta mecânica instalada no Hy4 tem a ver com o facto de este quatro cilindros não queimar gasolina mas sim hidrogénio, o que não o impede de fornecer 340 cv. Para atingir esta potência, a Alpine recorreu à Oreca, outro dos construtores de material de competição com presença no WEC e que também construiu o A424 de LMDh com que a Alpine se bate pelas vitórias no WEC.

Com este protótipo rolante, o objectivo da Alpine é avançar no conhecimento por detrás da tecnologia que usa o hidrogénio como substituto da gasolina para um motor a combustão, solução que garante vantagens relevantes como a anulação do CO2 e das partículas, pese embora não anule emissões cancerígenas, como os NOx. Não obstante, por pressão dos construtores alemães, a Europa abriu a porta aos combustíveis sintéticos e ao hidrogénio, equiparando-os aos veículos eléctricos, sejam eles alimentados pela energia na bateria ou pela produzida a bordo através de fuel cells a hidrogénio. Apesar desta alternativa ser tecnologicamente um erro ambiental, para quem está preocupado com a saúde dos que habitam nos grandes centros urbanos, a realidade é que a Alpine, como construtor de desportivos, não quer abrir mão de soluções que poderão beneficiar os seus concorrentes directos.

Depois desta visita a Spa-Francorchamps, a Alpine vai regressar à ribalta com o Hy4 nas próximas 24 Horas de Le Mans, provavelmente numa versão mais desenvolvida — talvez já na versão Hy6 que recorrerá ao V6 a hidrogénio. Contudo, o construtor francês protege-se ao anunciar o próximo motor com seis cilindros apenas para o final de 2024, com a marca a projectar disputar as 24 Horas de Le Mans de 2027 com um protótipo a hidrogénio. Até lá, pode ficar com o vídeo que a publicação francesa L’Argus realizou da apresentação do Alpenglow Hy4 no circuito belga.