No dia em que apresentou formalmente os planos para a construção do novo aeroporto de Lisboa, que vai implicar ainda uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid e uma terceira travessia sobre o Tejo, Luís Montenegro puxou para si os méritos de ter acordado com António Costa, então primeiro-ministro, a criação da Comissão Técnica Independente (CTI) que estudou a nova localização

“Disse, nessa ocasião, como é justo dizer que também o fez o anterior primeiro-ministro, que um ano de trabalho da CTI não significava atrasar mais um ano uma decisão que se aguardava há 50 anos”, sublinhou Luís Montenegro. “Este ano de avaliação era imprescindível e a forma adequada de desbloquear o processo”.

Ora, é preciso recordar que a constituição desta CTI aconteceu depois de Pedro Nuno Santos, então ministro das Infraestruturas e da Habitação, ter decidido, à revelia de António Costa, a nova localização do aeroporto. Na altura, António Costa não só revogou o despacho do seu ministro como procurou chegar a um consenso para a metodologia de trabalho com Montenegro.

“Nem era precipitação irresponsável nem era adiamento passivo. Quero hoje, como primeiro-ministro, afirmar que estas decisões, apesar de rápidas, são ponderadas, fundamentadas e estratégicas para o futuro de Portugal. O interesse nacional não reclama apenas uma decisão, reclama que se tome a melhor decisão com base na melhor informação”, argumentou o primeiro-ministro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[Já saiu o primeiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui.]

Numa intervenção mais política do que técnica — essa ficaria reservada para Miguel Pinto Luz –, Montenegro deixou uma mensagem de otimismo para o futuro. “Apesar dessa incerteza e instabilidade devemos ver futuro de Portugal com esperança e confiança. Esperança nas nossas capacidades, recursos humanos, jovens, empresas e instituições. E confiança de que somos capazes de unir Portugal em torno de objetivos estruturantes e estratégicos. Se decidirmos bem hoje abriremos a porta para sermos mais prósperos”, disse.

O primeiro-ministro fez ainda questão de somar estas decisões a outras do Governo, como a descida do IRS (ainda em discussão na especialidade do parlamento), as negociações com professores e forças de segurança, o aumento do valor de referência do Complemento Solidário para Idosos e a comparticipação a 100% dos medicamentos para os seus beneficiários, bem como a nova estratégia para a habitação, apresentada na passada sexta-feira. “Estas decisões são apenas o resultado de 32 dias de trabalho governativo após a investidura no parlamento, um ritmo que vai continuar intenso.”

Montenegro terminou a sua curta intervenção a citar o poeta Luís de Camões e Os Lusíadas”. “’As cousas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga’. A nossa filosofia é não perder tempo, é fazer tudo aquilo que depende de nós. A nossa ambição é fazer mais depressa e melhor que os outros, a nossa vitória é a felicidade dos portugueses”, disse.