Foi sorteio, podia ser quase de propósito. Portugal e França eram dois dos cabeças de série mais temidos, Espanha e Inglaterra eram os dois não cabeças de série que todos temiam e o grupo D acabou por juntar as quatro potências na fase final do Campeonato da Europa Sub-17, que arrancava no Chipre com a Seleção a tentar repetir os triunfos de 2003 e 2016. Logo a abrir o “quarteto da morte”, um duelo ibérico.

“A equipa tem vindo a trabalhar e a desenvolver o que temos vindo a fazer até agora, quer na primeira ronda de apuramento, quer na Ronda de Elite. Sinto os jogadores tranquilos e confiantes, dentro daquilo que são as valências e as capacidades de cada um. Os últimos resultados dão-nos tranquilidade e confiança mas também dão muita responsabilidade. Da parte dos jogadores tem de haver um grande compromisso para fazermos um bom desempenho aqui. Não sei o que é que vai dar, não sei até onde vamos chegar, mas o nosso objetivo é sempre termos um bom desempenho e sermos iguais a nós próprios”, tinha comentado o selecionador João Santos no lançamento da competição. “São três seleções de muita qualidade, com um grande histórico no futebol de formação. Qualquer uma destas equipas já foi campeã da Europa de Sub-17 e contam com jogadores que jogam em campeonatos superiores às suas idades”, acrescentara.

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Por norma, o início das fases finais acaba por ser um momento de “apresentação” à prova, quase que para ganhar a confiança para o que se vai seguir. Neste caso, a margem era nula, na base do “ganhar ou ganhar” para não ficar refém de triunfos diante de França e Inglaterra para chegar aos quartos da competição. E foi esse primeiro passo que Portugal conseguiu dar, com um triunfo por 2-1 que abre boas perspetivas para a qualificação para a fase seguinte num grupo onde qualquer equipa pode acabar em primeiro… ou em último.

Portugal até teve uma entrada interessante na partida mas a Espanha não demorou a agarrar no controlo do jogo, criando uma série de oportunidades que tornavam o golo inaugural uma questão de tempo. Guillermo Fernández teve um remate perigoso ao lado (8′), Juan Hernández desviou de cabeça muito perto da baliza na sequência do canto (9′), Junyent teve uma meia distância travada de forma milimétrica por Diogo Ferreira antes de bater no poste e sair para canto (15′), Martínez cabeceou no canto a rasar a trave (16′). O encontro tinha um sentido único e o 1-0 acabou por surgir pouco depois, com Daniel Yañez a bater um livre sobre a direita de forma direta e a enganar Diogo Ferreira que estava à espera de um cruzamento (20′).

A Seleção estava mal em tudo. Não conseguia assentar o seu jogo, não tinha bola, não mostrava capacidade para contrariar a circulação contrária. Nem sequer o vento ajudava, com um par de lances perdidos por uma certa incerteza no rumo que a bola poderia tomar. Depois, e num momento, tudo mudou: Portugal saltou a linha de pressão alta da Rojita, João Simões lançou Duarte Cardoso pela esquerda e o extremo do FC Porto levou a ação até ao final com o remate cruzado para o 1-1 (25′). A equipa nacional crescia, a Espanha acusava o golo e, já depois de um remate de Geovany Quenda na área para defesa de Manu González, Gabriel Silva trabalhou bem após ser lançado na profundidade e assistiu Rodrigo Mora para o 2-1 (33′).

Manu González ainda tirou um golo a Gabriel Silva mas o intervalo chegaria com Portugal em vantagem e a Espanha a ter de mudar, lançando David Otorbi logo no início do segundo tempo para uma arrancada pela esquerda que terminou com um remate ao poste (47′) antes da resposta pronta da Seleção com Quenda a isolar Gabriel Silva para um chapéu que saiu por cima (48′). O encontro não teria a mesma vivacidade dos 45 minutos iniciais, também com algum desgaste à mistura e várias substituições que tornaram o rumo dos acontecimentos menos característico, e Diogo Ferreira seria um elemento chave para segurar o triunfo, travando um lance em que Otorbi surgiu na área isolado sem conseguir fazer o empate (83′).