26 jogadores, uma convocatória fechada, um Euro 2024 a menos de um mês e o objetivo de chegar à final. Roberto Martínez anunciou esta terça-feira, a partir da Cidade do Futebol, a lista de jogadores que vai marcar presença na fase final do Campeonato da Europa e manteve a matriz habitual: deixou Pedro Gonçalves e Francisco Trincão de fora, chamou Pedro Neto e Francisco Conceição e manteve Pepe.
Numa longa conferência de imprensa, onde respondeu às perguntas dos jornalistas durante cerca de 40 minutos, o selecionador nacional começou por justificar precisamente o facto de ter convocado apenas um jogador do Sporting, Gonçalo Inácio, defendendo que “não é possível entrar na lista do Europeu se não se fez parte da Seleção nos últimos seis estágios”.
“Acho que temos muitos jogadores, tivemos um apuramento impecável e temos decisões difíceis, mas que precisamos de tomar para ter uma equipa equilibrada com todas as opções de que precisamos. Claro que o Trincão e o Pote tiveram uma época excecional, mas tiveram azar porque o estágio de março era importante. Agora, para entrar na lista, precisamos de jogadores que saiam da lista. Com muita responsabilidade, honestidade e trabalho, as decisões têm em conta o que precisamos de fazer no Europeu. A convocatória significa o trabalho dos últimos 18 meses”, atirou Roberto Martínez, recordando que Pote se lesionou no último jogo antes da convocatória e que Trincão chegou a integrar o grupo, mas foi dispensado por não estar apto.
Mais à frente, o treinador espanhol também explicou a convocatória de Pepe, que teve muitos problemas físicos ao longo da temporada. “Temos um balneário muito interessante, porque temos jogadores de gerações diferentes. Os nomes do Pepe e do Cristiano são de uma geração diferente relativamente à do Bernardo, do Rúben Dias, do João Neves ou do António Silva. O papel do Pepe no balneário é importante, a forma de representar a camisola da Seleção. Foi interessante ver o Pepe fazer dois jogos em março e manter a baliza a zeros durante os 90 minutos em que jogou. A sua comunicação, o seu posicionamento, fazem com que, quando está apto, seja um jogador muito importante”, atirou sobre o central do FC Porto.
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— Portugal (@selecaoportugal) May 21, 2024
De forma natural, Roberto Martínez também foi questionado sobre a presença mais do que expectável de Cristiano Ronaldo, que está a jogar na Arábia Saudita há ano e meio. “É melhor falar dos dados. É um jogador que marca 42 golos em 41 jogos pelo clube e isso mostra uma continuidade e uma continuidade física de quem está sempre apto. Além da qualidade que tem à frente da baliza, de que gostamos muito e precisamos”, indicou.
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Em sentido oposto, o selecionador nacional deixou de fora nomes como Raphaël Guerreiro — que disse não estar apto para começar a preparação –, Matheus Nunes, Toti Gomes ou Ricardo Horta, que estiveram em várias convocatórias desde que orienta Portugal. Martínez disse não gostar de falar de “nomes em específico”, mas reconheceu que o jogador que lhe custou mais não levar ao Euro 2024 foi mesmo o avançado do Sp. Braga.
“Preciso de falar de um jogador que foi muito difícil deixar de fora, que é o Ricardo Horta. É um exemplo, um jogador que técnica e taticamente é um sonho para um treinador. Mas há outros jogadores que são especialistas para aquilo que queremos fazer contra a República Checa, a Turquia e a Geórgia. Foi impossível deixá-los de fora, mas ele fez tudo para estar na lista […] É uma situação difícil, ter jogadores que trabalharam muito e fizeram parte da fase de apuramento. O Toti é um exemplo, o João Mário, o Ricardo Horta, o Bruma, Matheus Nunes, Jota Silva. Não falei com ninguém porque é algo que faz parte, é a tomada de decisão. O único jogador a quem liguei foi ao Ricardo Horta, porque fiquei triste por não fazer parte do grupo”, sublinhou.
Sobre Francisco Conceição, que ocupa uma vaga que poderia perfeitamente pertencer a Ricardo Horta, Roberto Martínez lembrou que o avançado foi “um jogador diferente de janeiro até ao fim da época”. “Joga com o pé esquerdo, é vertical, tem personalidade para mudar o jogo. É um ‘espalha-brasas’ de nível excecional, um jogador diferente. Foi importante o facto de ter um estágio em março, foi impactante, a segunda parte contra a Eslovénia foi decisiva. No futebol, um jogador precisa de estar no momento e numa forma correta e acho que ele é um bom exemplo de um jogador num momento único e que aproveitou a sua oportunidade em março”, afirmou.
Por fim, já depois de garantir que as escolhas não são feitas “tendo em conta onde os jogadores jogam”, para responder a uma questão sobre a Arábia Saudita, o selecionador nacional revelou que ainda não tem o onze inicial do jogo inaugural, a 18 de junho, contra a República Checa. “Gostamos de trabalhar no dia a dia e a meritocracia é importante. A idade não importa. É o que os jogadores fazem no dia a dia e depois é escolher o que pode acontecer durante os jogos. Hoje em dia há cinco substituições, o jogo termina com 10 jogadores diferentes. Precisamos de ser uma equipa forte, não precisamos de 11 mais 15. A razão do sucesso é essa”, terminou.