A derrota nos quartos frente ao polaco Piotr Kuczera acabou por ser um deslize inesperado mas nem por isso Jorge Fonseca perdeu o foco para mais uma medalha internacional no Grand Slam de Astana. Foi bronze, em condições normais poderia ser ouro, ficava sobretudo essa certeza de que “o” Jorge Fonseca a que estamos habituados estava de volta apenas uma semana antes dos Campeonatos do Mundo, em Abu Dhabi. À partida, e sendo ano olímpico, a principal prova do ano acaba por ser os Jogos. É aí que estão todos os olhares, é aí que entronca todo o foco da preparação. Ainda assim, melhor barómetro para Paris era complicado.

Estas mãos são de ouro, mesmo que a medalha seja ainda de bronze: como Jorge Fonseca chegou ao pódio (mas quer mais)

Os primeiros sinais dos judocas portugueses em Abu Dhabi não tinham sido propriamente os melhores, com Catarina Costa a ser a melhor representante nacional até este momento após ficar mais uma vez à porta das medalhas, como já tinha acontecido em Mundiais e também nos Jogos Olímpicos. Taís Pina, que venceu em Astana em -70kg, trazia uma pequena esperança de voltar a surpreender mas não se confirmou, Patrícia Sampaio em -78kg também não conseguiu repetir os bons resultados de 2024. Havia agora Jorge Fonseca. E um Jorge Fonseca em crescendo, com três medalhas internacionais nos últimos três meses.

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Foram 21 segundos para acalentar um sonho daqui a 90 dias: Jorge Fonseca conquista medalha de bronze no Grand Slam de Astana

Atual décimo classificado no ranking mundial de -100kg, após uma subida de três posições na última revisão (já foi líder da categoria, tendo caído depois de um período de afastamento por lesão após Tóquio-2020), o judoca português de 31 anos ficou isento da primeira ronda e venceu depois o tunisino Koussay Ben Ghares (44.º), seguindo-se novo triunfo com o ucraniano Anton Savytskiy (31.º). Nos quartos, Jorge Fonseca teve pela frente o surpreendente alemão George Udsilauri (32.º), somando nova vitória por waza-ari.

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Nas meias-finais, que fechavam a sessão matutina em Abu Dhabi, o português teria pela frente o azeri Zelym Kotsoiev, quinto melhor do mundo na categoria de -100kg e um adversário que não trazia boas recordações em combates passados. Voltou a perder, de forma frustrante. Durante quase três minutos, Fonseca tomou a iniciativa, Kotsoiev passou sempre ao lado de qualquer castigo, teve um ataque que por pouco não valeu um waza-ari e não conseguiu depois fugir a uma tentativa de ataque lateral do azeri, que conseguiu impor a sua maior estatura para completar o movimento e ganhar por ippon. A luta pela medalha ficava pelo bronze.

O desalento com que reagiu à eliminação mostrava que Fonseca estava apostado em sagrar-se mais uma vez campeão mundial, como aconteceu em 2019 e em 2021, mas ainda poderia ir ao pódio no combate com o japonês Dota Arai, 28.º do mundo. Não aconteceu. Aliás, aquilo que mais ficou do confronto diante do judoca nipónico foi esse desgaste acumulado pela frustração de não poder lutar pelo ouro, perdendo por ippon e acabando na quinta posição da categoria de -100kg no duelo onde esteve a pior nível durante o dia.

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