O cabeça-de-lista do Movimento Alternativa Socialista às europeias defende o corte de relações e o isolamento político de Israel, num “boicote geral ainda mais forte” do que aconteceu contra o regime de apartheid na África do Sul.
Em resposta a um questionário enviado pela Agência Lusa às candidaturas às eleições europeias do dia 9 de junho, Gil Garcia defende que é “uma necessidade elementar” exigir um cessar-fogo e a “retirada imediata do exército israelita da Faixa de Gaza e da Cisjordânia”.
“É urgente parar com o envio de armamento para o governo sionista de Israel, cortar com todas as relações económicas e isolar diplomaticamente Israel. É preciso um boicote geral ainda mais forte do que aquele que existiu há décadas contra o anterior regime de apartheid na África do Sul. Este seria um sinal a favor dos direitos do povo palestiniano”, lê-se.
Em matéria de defesa, a candidatura encabeçada por Gil Garcia posiciona-se contra a proposta do presidente francês, Emmanuel Macron, para o envio de tropas, entre as quais portuguesas, para reforçar o esforço de guerra ucraniano e opõe-se também a uma eventual emissão conjunta de dívida para financiar a defesa europeia.
O MAS recusa “qualquer aumento da despesa com a guerra e a sua preparação” e defende que a Ucrânia está a ser disputada pelas potências europeias e os EUA, que “querem manter o domínio sobre a Ucrânia que conseguiram na última década”, e a Rússia, que “pretende recuperar o domínio que anteriormente detinha”.
O partido opõe-se ao alargamento da União Europeia por considerar que este é o momento para “resolver os grandes problemas que afetam os trabalhadores e os povos europeus” e de libertar os setores da agricultura e da pesca do “jugo dos interesses das grandes empresas multinacionais”.
Questionado sobre se seria benéfico para Portugal ter o ex-primeiro-ministro António Costa num cargo europeu, Gil Garcia afirma que o país “já teve um português presidente da Comissão Europeia e nada teve de benéfico para a população portuguesa” e que a mudança necessária é “uma mudança política económica a nível sistémico para uma melhoria efetiva das condições de vida da maioria da população”.
Em relação aos nomes preferidos pelo cabeça-de-lista para assumir a presidência da Comissão Europeia, o MAS esclarece não ter “qualquer preferência pela positiva” por um candidato, mas sublinha que não quer “ver um representante de extrema-direita” no cargo.
O MAS também está contra o recentemente aprovado Pacto para as Migrações e Asilo por considerar que “limita o direito à migração e particularmente limita o direito de Asilo que sempre foi reconhecido pelas instâncias internacionais”.
Gil Carcia encabeça a lista de um partido dividido internamente, que apresentou duas listas distintas ao Tribunal Constitucional (TC). Além da lista encabeçada por Gil Garcia, aceite pelo Tribunal Constitucional, foi apresentada ao TC uma outra lista liderada por Renata Cambra, que se apresenta como a líder legítima do partido fundado em 2013 por dissidentes do Bloco de Esquerda. Esta lista foi rejeitada pelos juízes do TC.