O presidente do Conselho Europeu afirma ser “dever” dos líderes da União Europeia (UE) chegarem, no final de junho, a acordo sobre as lideranças dos cargos de topo no próximo ciclo institucional, pela “continuidade” do projeto europeu.

“Quero deixar bem claro que o nosso dever é tomar uma decisão até ao final de junho, é esse o nosso dever. Penso que é importante para a continuidade do projeto da União Europeia e é por isso que daremos o nosso melhor para unir sempre os nossos colegas e para que possamos tomar uma decisão sobre a agenda estratégica e sobre os cargos de topo”, afirmou Charles Michel em entrevista à agência Lusa.

No dia em que se desloca a Portugal para participar na reunião anual da organização Concordia Europe, o presidente do Conselho Europeu vinca que foi para “maximizar as hipóteses” que organizou um jantar informal dos chefes de governo e de Estado da UE para 17 de junho, dias depois das eleições europeias marcadas para 6 a 9 de junho e antes da cimeira europeia decisiva de 27 e 28 de junho.

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“Penso que será útil, após as eleições, ter um momento em que possamos testar as águas, em que possamos sentir a atmosfera, tendo em conta o resultado das eleições. Este jantar terá lugar quando já tivermos os resultados e quando já saberemos qual é o panorama no Parlamento Europeu”, elenca Charles Michel.

O responsável vai também “iniciar consultas bilaterais ao nível dos líderes, ainda antes das eleições, para estar mais bem informado sobre quem pensa o quê, sobre as várias opções em cima da mesa depois das eleições, quando forem conhecidos os resultados”, segundo avançou à Lusa.

Quero maximizar a mudança para esta decisão em junho“, vinca Charles Michel, numa alusão à esperada decisão sobre nomeações para os altos cargos institucionais na UE para a próxima legislatura — como da Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho Europeu — que deverá ser tomada na reunião do Conselho Europeu de final do próximo mês.

Cabe depois ao Parlamento Europeu aprovar, em meados de julho e por maioria absoluta, o nome do novo líder da Comissão Europeia.

Quando se espera também que apresente aos líderes a sua visão para a Agenda Estratégica da UE em 2024-2029, quanto a prioridades do ciclo institucional seguinte, o responsável diz à Lusa ser “muito saudável que se realize em paralelo o debate sobre o programa, as prioridades e o plano para tornar a Europa mais soberana, mais influente e mais resiliente“.

Apesar da sua demissão, o ex-primeiro-ministro português, António Costa, continua a ser apontado como uma possibilidade para a presidência do Conselho Europeu, no quadro das nomeações para os altos cargos institucionais na UE para a próxima legislatura que terão lugar após as eleições europeias de junho.

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Charles Michel rejeita comentar tal possibilidade: “Sei qual é a minha responsabilidade. Sempre fiz tudo para unir o Conselho Europeu e não tenciono fazer quaisquer comentários, exceto sobre o processo”.

Na sua passagem pelo Porto está, ainda assim, previsto um encontro entre Costa e Michel.

“Posso confirmar que é habitual encontrar-me, em visitas aos países, com primeiros-ministros, presidentes, incluindo ex-primeiros-ministros e ex-presidentes”, revela o responsável na entrevista à Lusa.

Cerca de 373 milhões de eleitores são chamados a escolher os 720 deputados ao Parlamento Europeu, nas eleições que decorrem nos 27 Estados-membros da União Europeia entre 6 e 9 de junho. Em Portugal, que elege 21 eurodeputados, o escrutínio está marcado para 9 de junho.

Com base nos resultados do sufrágio, os líderes da UE escolhem os nomes para altos cargos europeus.