O Governo anunciou a demissão do superintendente chefe José Barros Correia do cargo de diretor nacional da PSP, numa decisão recebida com surpresa dentro da estrutura, e Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, deu esta quarta-feira explicações sobre o caso, contradizendo o que foi dito por Barros Correia na altura da demissão, no início do mês. “O senhor superintendente Barros Correia não foi exonerado, foi substituído”, começou por dizer Margarida Blasco, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

“Quando chegámos ao Ministério [da Administração Interna], ouvi os dirigentes das forças e, no seguimento do programa do governo, verifiquei que havia situações de segurança no país que tinham de ter em conta uma intervenção mais operacional e mais direta. Falei com o superintendente Barros Correia e acordámos que o senhor superintendente entendia pedir a pré-aposentação. E entendi escolher o superintendente Luís Carrilho.”

Barros Correia esteve no cargo menos de oito meses — a nomeação é para três anos –, tendo a tutela decidido nomear o superintendente Luís Carrilho como seu sucessor. “São os dois ótimos dirigentes com perfis diferentes”, acrescentou.

Governo demite diretor nacional da PSP e nomeia Luís Carrilho como sucessor

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Depois do anúncio do Ministério da Administração Interna, Barros Correia deu nota da sua surpresa numa nota interna, mas Margarida Blasco desmentiu e sublinhou que a decisão partiu de Barros Correia: “O senhor superintendente Barros Correia pediu a exoneração. Convidei-o até para um determinado cargo, que ele não aceitou”.

A ministra da Administração Interna não explicou, no entanto, se o convite para ocupar “um determinado cargo” aconteceu antes ou depois da exoneração.

Alteração à orgânica da PSP e GNR

Durante a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o deputado socialista Pedro Vaz quis saber se “o Governo vai ou não proceder a uma alteração da lei orgânica da PSP”. E a resposta de Margarida Blasco, ministra da Administração Interna, deixou a porta aberta para possíveis alterações nestes organismos.

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“Aquilo que posso dizer neste momento é que estamos a trabalhar nisso [plano de reestruturação] há umas semanas e vamos fazer um programa das prioridades relativamente à atuação operacional, quer da PSP, quer da GNR. É um plano conjunto que nós vamos fazer, sobretudo nas grandes cidades de Lisboa e Porto. Na sequência do levantamento de todas estas questões, logo será analisado se há alterações, se há alterações de carreiras, tudo aquilo que é necessário”, explicou.

Na sequência da reestruturação do dispositivo de segurança nacional, a ministra Margarida Blasco deu ainda mais detalhes. “Temos de evitar duplicação de serviços das forças de segurança em locais em que não é necessário, temos de reforçar o policiamento noutros sítios que estão carecidos de elementos de forças de segurança”, sublinhou.

E deu exemplos: “Se for à Guarda, o que é que encontra? Tem uma população envelhecida. Vamos reforçar a segurança no sentido de cada agente ou guarda poder ser uma espécie de acompanhante de um casal de idosos. Há um problema e é imediatamente transmitido à Segurança Social”.

“Estamos muito preocupados com os centros urbanos e temos de olhar para o interior. Como o nosso país é um país que não é rico, temos de maximizar tudo, temos de dar formação às nossas forças, isto tem de ser tudo racionalizado”, acrescentou.