O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmou esta quarta-feira não ter “nenhuma dúvida” de que o ANC vencerá as eleições gerais no país, o que todas as sondagens indicam, mas sem maioria absoluta, ao fim de 30 anos.
O chefe de Estado, com 71 anos, que conta com um segundo mandato, afirmou à comunicação social depois de votar no Soweto — a cidade-berço do Congresso Nacional Africano (ANC sigla em inglês de African National Congress), junto a Joanesburgo, onde Ramaphosa cresceu — que “não há dúvida de que o povo vai mais uma vez expressar a sua confiança” no partido no poder desde o fim do apartheid, em abril de 1994.
O líder do principal partido da oposição sul-africana, Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês) deu voz ao que todos os inquéritos de opinião sublinharam nas últimas semanas, que “nenhum partido” ganhará uma “maioria absoluta”, nestas eleições gerais, o que, a confirmar-se, constituirá um revés histórico para o ANC.
Eleições na África do Sul podem ditar o fim da maioria absoluta do ANC
Nenhum partido ganhará a maioria absoluta nestas eleições e, pela primeira vez em 30 anos, a África do Sul tem a oportunidade de mudar“, declarou à comunicação social John Steenhuisen, o líder da DA, depois de ter votado em Durban (sudeste do país).
A África do Sul está esta quarta-feira a eleger um novo parlamento, num escrutínio imprevisível, que se perspetiva como histórico. Cerca de 27,6 milhões de eleitores registados têm de escolher entre 52 partidos, para eleger 400 deputados através de um sistema de representação proporcional. Também as assembleias das nove províncias do país vão a votos esta quarta-feira.
O ANC conta no atual Parlamento com 230 dos 400 deputados.
As urnas estarão abertas até às 21h (19h TMG) e os resultados finais não são esperados antes do fim de semana. O Parlamento elegerá o próximo Presidente em junho.
Uma desilusão crescente com o ANC, associada ao desemprego endémico, pobreza, corrupção e escassez de água e eletricidade, deverão custar ao partido dominante há três décadas um resultado abaixo dos 50% dos votos.
Se este cenário se confirmar, o ANC terá de formar uma coligação para se manter no poder. A natureza dessa aliança, mais para o centro liberal ou para a esquerda, determinará a futura direção da África do Sul.
Se o ANC obtiver um resultado melhor do que o esperado, ou seja, um pouco abaixo dos 50%, só precisará de alguns deputados de pequenos partidos para manter a linha geral que Ramaphosa tem vindo a seguir.
A DA, que promete “salvar a África do Sul” e, em particular, a sua economia, poderá obter cerca de 25% dos votos, de acordo com as sondagens.
A maior ameaça para o ANC poderá, no entanto, vir do pequeno partido MK (uMkhonto weSizwe, nome do antigo braço armado do ANC, que o antigo presidente Jacob Zuma deu ao partido que formou em dezembro de 2023 para concorrer a estas eleições), que poderá atrair até 14% dos eleitores, capitalizando os desiludidos com o partido no poder.
A afluência às urnas tem vindo a diminuir de forma constante nos últimos cinco anos, passando de 89% em 1999 para 66% nas últimas eleições de 2019.