As vendas de supercarros 100% eléctricos continuam a não impressionar e esta realidade leva o CEO da Lamborghini, Stephan Winkelmann, a concluir que o mercado ainda não está pronto para esta tecnologia ao serviço de veículos propostos por valores entre 1 e 3 milhões de euros. E não é por falta de potência, uma vez que superdesportivos exclusivamente a bateria como o Rimac Nevera ou o Pininfarina Battista fornecem ambos mais de 1900 cv (partilham a mecânica), valor que um Ferrari ou Lamborghini jamais atingiram com os actuais motores a combustão, incluindo os mais recentes (já electrificados).
Importa notar que Winkelmann dirige a Lamborghini, construtor do Grupo Volkswagen que tem a Rimac como o seu parceiro tecnológico para a electrificação, um pequeno construtor croata a quem o gigante alemão “ofereceu” a gestão da mítica Bugatti, apenas porque não acreditava que, sozinha, conseguisse conceber uma mecânica eléctrica e respectivas baterias à altura do próximo sucessor do Chiron. Sucede que, nos últimos dias, a Rimac veio a público admitir que as vendas do Nevera — com 1914 cv e capaz de 1,9 segundos de 0-100 km/h e 412 km/h de velocidade máxima, valores de que nenhum superdesportivo italiano de estrada se aproxima — não ultrapassaram as 50 unidades em praticamente dois anos de vendas. Isto das 150 que estavam previstas serem comercializadas no primeiro ano de sensibilização dos potenciais compradores.
Ricos não gostam de eléctricos? Rimac Nevera com 1914 cv não vende
Face a este mau desempenho comercial do Rimac Nevera, o fundador e CEO do construtor croata, Mate Rimac, atribuiu a reduzida procura pelo seu fantástico e tecnologicamente evoluído modelo ao facto de os “ricos não desejarem hiperdesportivos eléctricos”, preferindo os equipados com mecânicas convencionais a combustão. Curiosamente, ou talvez não, a teoria de Mate Rimac para explicar a “incompreensível” falta de vendas do Nevera é corroborada por Winkelmann, o seu colega da Lamborghini.
Para o CEO do fabricante italiano, a desaceleração das vendas de veículos eléctricos prende-se com uma redução do interesse por parte dos compradores, o que tem afectado tanto as marcas generalistas como os construtores que produzem superdesportivos. E se o abrandamento nas vendas de eléctricos mais acessíveis (ou de gama média) é, em grande parte, explicado pela redução ou extinção de subsídios em mercados como o alemão, Winkelmann considera que o não arranque das vendas de superdesportivos a bateria se deve a “aspectos emocionais”. O que, para o CEO da Lamborghini, é sinónimo da falta do roncar do motor de combustão, que provoca arrepios na espinha dos amantes de superdesportivos.
Apesar das declarações de Winkelmann, a Lamborghini admite que há cada vez mais clientes que procuram superdesportivos electrificados, que se apoiem maioritariamente no motor de combustão, mas que recorram a motores eléctricos para elevar a potência e, com a ajuda de uma bateria, assegurar a capacidade de percorrer um mínimo de distância em modo exclusivamente eléctrico.
Lamborghini ultrapassa 10.000 unidades vendidas e esgota Revuelto até 2026
O Revuelto, o mais recente superdesportivo da marca, é um híbrido plug-in com 1015 cv, resultantes da associação do 6.5 V12 com três unidades eléctricas com 150 cv cada, alimentados por um acumulador com 3,8 kWh. Além do coupé Revuelto, o SUV Urus também adoptou uma solução PHEV, com a Lamborghini a prever lançar em 2028 o seu primeiro veículo 100% eléctrico, que será o crossover Lanzador. E se isto coloca os coupés superdesportivos eléctricos fora da lista dos próximos modelos da Lamborghini, a rival Ferrari vai lançar o seu primeiro eléctrico já em 2025, ano que deverá finalmente acolher o Tesla Roadster.