Esteban Ocon sempre foi conhecido por ser um piloto agressivo, que não se deixar intimidar com qualquer obstáculo. Literalmente. Porém, no último Grande Prémio do Mónaco, o francês da Alpine ultrapassou os limites. Logo no início da corrida, Ocon colidiu com o monolugar do companheiro de equipa, Pierre Gasly, numa altura em que tentava ganhar posições. A manobra do francês foi considerada à margem das leis, com a organização de corrida a penalizá-lo com a perda de cinco posições no arranque do Grande Prémio do Canadá… se estiver presente.

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Porém, as ações de corrida de Ocon, não só no Mónaco, mas também noutros Grandes Prémios, culminaram numa drástica consequência: a partir de 2025, o piloto de 27 anos deixará de estar contratualmente ligado à Alpine, podendo deixar de correr na Fórmula 1. A notícia foi confirmada pela equipa francesa em comunicado, garantindo tratar-se de uma rescisão por mútuo acordo. Desta forma, Ocon, que foi um dos grandes impulsionadores do projeto e é, atualmente, o único piloto que conseguir vencer pela Alpine, abandona a equipa ao cabo de cinco temporadas.

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A juntar a esse triunfo, alcançado na Hungria em 2021, Esteban Ocon conseguiu dois pódios (Sakhir em 2020, Mónaco em 2023). E foi precisamente no Mónaco que tudo terminou. Apontado como o piloto principal da equipa, o acidente no circuito citadino acabou por ser determinante na quebra do contrato no final da presente temporada.

“Foi um período importante na minha vida correr por esta equipa de Fórmula 1. Embora eu esteja aqui há cinco anos como piloto principal, a minha carreira profissional começou em Enstone quando eu era adolescente, então será sempre um lugar especial para mim. Passámos ótimos momentos juntos, também alguns momentos difíceis e certamente sou grato a todos da equipa por esses momentos memoráveis. Em breve anunciarei os meus planos, mas até lá o meu foco é exclusivamente obter o desempenho certo em pista e ter um resto de temporada bem sucedido”, partilhou Ocon em comunicado.

“Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer a Esteban pelo seu compromisso com a equipa nos últimos cinco anos. Durante esse tempo, comemorámos alguns momentos fantásticos juntos, o melhor dos quais veio no Grande Prémio da Hungria de 2021, com uma vitória memorável. Faltam 16 corridas para acabar 2024, e temos um objetivo claro: continuar a trabalhar incansavelmente em equipa para lutar pelos melhores resultados na pista. Desejamos a Esteban o melhor para o próximo capítulo da sua carreira de piloto”, disse, por sua vez, Bruno Famin, vice-presidente e chefe de equipa da Alpine.

Com o grid do próximo ano praticamente fechado, as únicas hipóteses para Esteban Ocon estão na Haas, Williams, Audi e Mercedes. Embora o seu empresário seja Toto Wolff, diretor executivo da Mercedes, a equipa alemã parece estar determinada em apostar no jovem Andrea Kimi Antonelli para o lugar de Lewis Hamilton. Quanto à Audi, o nome mais associado tem sido o de Carlos Sainz Jr., que vai deixar a Ferrari após a contratação do inglês.

Ocon em dúvida para o Canadá?

Como mencionado, a ação de Ocon com Gasly no Mónaco não foi bem recebida pela equipa, não só pela forma agressiva com que o francês abordou aquele incidente de corrida, mas também por não ter seguido as ordens da equipa para não atacar o companheiro. Após a corrida, Gasly reiterou aos jornalistas que o companheiro de equipa “tem de mudar” e Famin garantiu que iam existir “consequências”.

A ação de Esteban Ocon foi inclusivamente comentada pelos chefes de outras equipas, como Helmut Marko ou Günther Steiner (ex-Haas), que pediram ao francês para travar estas atitudes agressivas em pista. Também os fãs inundaram as redes sociais para criticar Ocon com mensagens menos próprias, algo que levou o piloto a responder. “Estou ansioso para competir em Montreal, diante dos fantásticos fãs canadianos, e das oportunidades emocionantes que o futuro me reserva”, explicou Ocon.

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“Muito foi dito depois do Grande Prémio do Mónaco. Embora tenha recebido muitas mensagens de apoio, estou profundamente triste com a quantidade de abusos e negatividade que senti e recebi sobre o meu caráter, a minha pilotagem e a minha carreira. Tive a sorte de correr ao lado de companheiros de equipa talentosos e experientes, incluindo vencedores de corridas como Daniel Ricciardo, Checo [Pérez], Pierre [Gasly] e um bicampeão como Fernando Alonso”, prosseguiu o francês.

Quanto à forma agressiva que apresenta em pista, Ocon assumiu que, no início das corridas, os pilotos têm tendência a estarem “muito próximos”, resultando em “duras batalhas na pista e, à vezes, em contactos”. “Vejo e sinto isso todas semanas na pista e nas redes sociais… o que é bom e o que é mau. As declarações mal informadas e as distorções grosseiras que tenho visto nos últimos dias sobre a minha capacidade de trabalhar em equipa foram imprecisas e prejudiciais”, continuou.

“Assumi a responsabilidade pelo incidente. Respeito o Pierre [Gasly] como companheiro de equipa e como piloto. Trabalhámos sempre de forma colaborativa e profissional. Não há recompensa sem risco na Fórmula 1, e as largadas das corridas são intensas, ainda mais no Mónaco, onde a primeira volta pode ditar o resultado final. No final, somos todos competidores e corridas duras e justas são o que torna o nosso desporto tão bom”, concluiu Ocon, justificando o incidente com Gasly.