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A World Central Kitchen (WCK), distribuiu mais de 50 milhões de refeições em Gaza depois de suspender as operações em abril, quando sete dos seus trabalhadores humanitários morreram num ataque aéreo israelita, divulgou esta terça-feira a organização não-governamental (ONG).

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“Estamos sempre a tentar expandir e crescer o máximo possível”, frisou o responsável pelo grupo destacado no Médio Oriente, John Torpey, em conferência de imprensa online.

A WCK mantém atualmente duas cozinhas principais em Gaza e outras 65 cozinhas comunitárias em funcionamento distribuídas por todo o enclave, explicou a ONG.

Por sua vez, a porta-voz e assessora de imprensa da WCK, Linda Roth, detalhou que a ONG recebeu, na semana passada, “cerca de 100 camiões” que cruzaram a fronteira do Egito com mantimentos para abastecer as suas cozinhas.

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A WCK está agora a tentar abrir uma nova rota de abastecimento a partir da Jordânia, por onde entrariam caixas de refeições preparadas e prontas para consumo imediato, explicou a porta-voz da WCK, do chef’ espanhol José Andrés.

Por enquanto, a WCK não está a desenvolver as suas operações no norte de Gaza, onde é mais difícil para as suas caravanas de ajuda chegarem do Egito e onde, segundo Torpey, há zonas onde as pessoas têm “dificuldade em encontrar comida e água potável”.

A porta-voz explicou ainda que, depois da grande pressão internacional sobre Israel após o ataque aos colaboradores da WCK, “há definitivamente uma mudança de atitude” com a ONG e o Exército israelita, “parece mais disponível para fornecer informações” no terreno agora.

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Antes de encerrar as operações em abril, a WCK já tinha distribuído mais de 43 milhões de refeições em Gaza, representando 62% de toda a ajuda internacional de ONG no enclave, segundo dados da organização.

Após o ataque, José Andrés apelou a uma investigação independente sobre o incidente e instou, sem sucesso, os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, a Polónia e o Reino Unido, países de origem dos trabalhadores humanitários que morreram, a aderirem a este apelo.

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Embora as Forças de Defesa de Israel tenham assumido a responsabilidade pelo ataque e afirmado que tinham mudado as suas políticas, a WCK ainda procura respostas sobre um incidente que ocorreu logo depois de trabalhadores humanitários terem supervisionado o descarregamento de 100 toneladas de alimentos trazidos para Gaza por via marítima.

Pelo menos 196 trabalhadores humanitários morreram em Gaza desde outubro, segundo as Nações Unidas.

Israel declarou a 7 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que esta quarta-feira entrou no 242.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 36.550 mortos, mais de 83.000 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após quase oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.