O número de mortos nos distúrbios que estão a acontecer no arquipélago francês da Nova Caledónia subiu para oito, após um homem ferido a tiro ter morrido na sexta-feira, noticiou este sábado a imprensa internacional.

De acordo com a agência de notícias AFP, um dos dois homens que foram baleados pela polícia na segunda-feira acabou por morrer este sábado, anunciou o Ministério Público de Numeá num comunicado, quando o arquipélago francês atravessa uma grave crise desde meados de maio.

O morto é um indígena Kanak, de 26 anos, que foi ferido a tiro na cabeça, segundo o Ministério Público. O incidente ocorreu na segunda-feira na estrada que liga Numeá, capital da Nova Caledónia, ao aeroporto internacional, que há muito tempo se encontra bloqueada por manifestantes independentistas.

Na segunda-feira, o procurador da Nova Caledónia anunciou que abriu uma investigação confiada à secção de investigação de Numeá por “tentativa de homicídio de titular de autoridade pública”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os mais recentes protestos, que duram há mais de três semanas, são contra uma reforma eleitoral a decorrer em França.

Nova Caledónia. Violentos protestos obrigam turistas australianos retidos em resorts a racionar comida

Os partidos pró-independência e os líderes Kanak apelaram para o Presidente francês, Emmanuel Macron, retirar a lei de reforma eleitoral se a França quiser “acabar com a crise”.

Motins na Nova Caledónia leva Presidente francês a declarar estado de emergência

A reforma aprovada pela Assembleia Nacional em Paris alargaria o eleitorado para as eleições provinciais a todos os naturais de Nova Caledónia e residentes há pelo menos 10 anos.

Os apoiantes da independência consideram que o alargamento pode “marginalizar ainda mais o povo indígena kanak”, que constitui 41% da população e que há muito pressionam para se libertarem do domínio francês. Os opositores da reforma eleitoral temem que a legislação beneficie os políticos pró-França na Nova Caledónia.

A Nova Caledónia — que possui uma população de 270.000 habitantes — tornou-se francesa em 1853 com o imperador Napoleão III, sobrinho e herdeiro de Napoleão. Tornou-se um departamento ultramarino após a II Guerra Mundial e a cidadania francesa foi concedida a todos os Kanak em 1957.

O recolher obrigatório foi este sábado prolongado por uma semana no arquipélago, um dia antes das eleições europeias, que serão realizadas sob alta segurança.