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A Federação Russa terá libertado um número indeterminado de mulheres que estavam a cumprir pena de prisão para que se juntassem aos militares na linha da frente da guerra da Ucrânia. A medida terá sido concretizada no final de maio, segundo ex-reclusas que mantêm contacto com outras mulheres a cumprir pena numa prisão nas proximidades de São Petersburgo.

A iniciativa pode simbolizar uma nova fase na ofensiva russa, caracterizada por um aumento de recrutamento de cidadãos condenados pela prática de crimes, com vista a potenciar a intensidade das operações em solo ucraniano, avançou o o jornal norte-americano, New York Times (NYT).

Em 2022, no início da invasão, cerca de 30 mil mulheres cumpriam pena em prisões russas.

Passado um ano de perdões e a garantir o pagamento de salários a criminosos russos, em troca de serviço militar, o governo russo estará a promover o recrutamento de mulheres para o combate contra as forças ucranianas. Em outono passado, já tinha existido uma ronda de recrutamento nas prisões femininas, mas a adesão terá, nessa altura, gerado resultados poucos expressivos, indicaram antigas e atuais reclusas ao jornal norte-americano.

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Ainda assim, considerando também o recrutamento de homens das prisões da federação russa, o NYT refere que milhares destes condenados acabaram por morrer nas operações militares. Outros regressaram à Rússia em total liberdade, entres os quais alguns que tinham sido condenados — e estavam a cumprir pena — por homicídio.

A proposta para o recrutamento de mulheres incluiria um salário de 2 mil dólares por mês (valor 10 vezes superior ao salário mínimo da região) e posições militares como atiradoras, médicas de combate e operadoras de rádio na linha da frente, durante um ano. Das 400 reclusas da prisão próxima de São Petersburgo, cerca de 40 inscreveram-se, apesar dos perigos associados, sublinharam duas antigas reclusas em entrevista ao NYT.

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A falta de condições humanitárias, o esforço consequente do trabalho forçado e as regras restritas da prisão motivaram muitas das mulheres a aceitar a proposta, concluíram as entrevistadas. Antigas colegas prisionais declararam que trabalhavam até 12 horas por dia na oficina de serração da prisão, mesmo em pleno inverno, com temperaturas negativas.

A libertação ocorreu num momento em que o governo russo tem tentado atrair cada vez mais voluntários para incluírem as listas do exército. Tanto devedores, pessoas acusadas de crimes como estrangeiros têm sido visados nesta iniciativa, referiu o jornal americano.

Nem o Ministério da Defesa nem os serviços prisionais russos comentaram ou mencionaram a ocorrência.

A Ucrânia também tem aderido a esta estratégia, antes excluída por Kiev. No mês passado, o governo ucraniano autorizou a candidatura de condenados a ingressar nas tropas militares nacionais, face a uma elevada escassez de combatentes. Tal como no caso russo, milhares de prisioneiros têm vindo a candidatar-se.