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Os líderes da Rússia e da Coreia do Norte assinaram uma “parceria estratégica alargada” durante a visita de dois dias de Vladimir Putin a Pyongyang, a primeira em 24 anos. Desde julho de 2000 que Putin não visitava a Coreia do Norte, embora os dois líderes mantenham uma relação de proximidade. Em setembro, por exemplo, estiveram juntos na Rússia.

Em conferência de imprensa, uma das raras ocasiões em que Kim Jong-un falou em público, os líderes russo e norte-coreano detalharam que o acordo assinado inclui uma cláusula que prevê a ajuda mútua em caso de agressão a algum dos países. “Hoje foi assinado um novo documento fundamental que determina a fundação para as nossas relações numa perspetiva de longo prazo”, declarou Putin.

O governante russo também “não excluiu a hipótese de cooperação militar e técnica” com a Coreia do Norte.

Desde os tempos da União Soviética que não era vista uma demonstração de apoio tão sólida entre a Rússia e a Coreia do Norte. Tanto que Kim Jong-un considerou que este é o “acordo mais forte” alguma vez assinado entre os dois países, elevando o relacionamento entre as duas nações a “um nível superior ao de uma aliança”.

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Após a conferência de imprensa, Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin, esclareceu ao jornal russo Izvestia que o acordo de cooperação é “para benefício próprio”, rejeitando que seja dirigido a países terceiros. “Construímos relações, especialmente com os nossos vizinhos, não contra ninguém, mas para o nosso benefício, para o benefício dos interesses dos povos dos nossos dois países. A cooperação russo-coreana não é dirigida contra nenhum país terceiro”, disse o porta-voz ao jornal russo.

Putin oferece um carro, um punhal e um serviço de chá a Kim Jong-un e leva para casa obras de arte

Além da defesa mútua, o acordo assinado prevê a “cooperação nas áreas dos cuidados de saúde, educação médica e ciência” e em questões económicas.

Putin chegou na terça-feira à noite a Pyongyang e foi recebido logo à saída do avião com um abraço de Kim Jong-Un. As cerimónias e as conversações ficaram para esta quarta-feira: primeiro, com uma parada na praça Il Sung, repleta de milhares de norte-coreanos e decorada com as cores das bandeiras dos dois países.

Durante a manhã, os dois líderes estiveram reunidos em duas ocasiões – primeiro, com vários membros das duas delegações e, mais tarde, a sós. De acordo com as agências estatais russas, a forma possível de acompanhar esta visita, a conversa a sós foi a mais extensa.

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Um dos momentos da visita de Vladimir Putin à Coreia do Norte

A promessa de apoio da Coreia do Norte e os agradecimentos da Rússia pela ajuda “inabalável”

Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, disse durante a visita que as relações entre Pyongyang e Moscovo entraram num período de “nova prosperidade”, de acordo com declarações citadas pela agência russa Tass.

O líder norte-coreano destacou ainda o papel da Rússia na “importante missão e o papel de uma Federação Russa forte na manutenção da estabilidade estratégica e do equilíbrio no mundo”, escreveu a agência russa RIA Novosti.

Kim Jong-un também deu ênfase à questão da guerra na Ucrânia, expressando “total apoio e solidariedade ao governo, ao exército e ao povo russos na realização de uma operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses de segurança, bem como a integridade territorial”.

Em resposta, Vladimir Putin agradeceu o apoio “consistente e inabalável” da Coreia do Norte à Rússia, “incluindo na questão ucraniana”.