Pelo menos 35 pessoas foram presas e cerca de 200 ficaram feridas nesta quinta-feira, no Quénia, em protestos em várias cidades contra um projeto de lei apoiado pelo Governo para aumentar ou introduzir novos impostos, declararam cinco organizações não-governamentais.

Os dados foram compilados pela Amnistia Internacional no Quénia, a Law Society of Kenya, a Kenya Medical Association, a Independent Medical Legal Unit e a Coalition of Defenders (um grupo de defesa dos direitos humanos).

Dos detidos, pelo menos 20 foram presos em Nairobi, o epicentro das manifestações, segundo o comunicado das organizações não-governamentais (ONG).

Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas em Nairobi. Os ferimentos variam entre fraturas, ferimentos de bala, ferimentos nos tecidos moles e inalação de gás lacrimogéneo”, declararam.

“50 pessoas foram encaminhadas para tratamento especializado. Houve cinco vítimas de ferimentos provocados por balas de borracha, botijas de gás lacrimogéneo e bastões da polícia. Seis pessoas foram atropeladas por carros quando fugiam dos agentes da polícia“, referiram.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As ONG afirmaram ainda que “há confirmação de disparos de armas reais verificados pela presença de cartuchos usados” e instaram a polícia a desistir do “uso excessivo da força, da intimidação e das detenções arbitrárias e ilegais de quenianos”.

“Não emendem, rejeitem! Ruto tem de sair!” eram algumas das palavras de ordem que se ouviam no centro da capital queniana, onde os manifestantes se reuniram sob a campanha “Ocupar o Parlamento” para mostrar a sua rejeição da nova proposta legislativa promovida pelo Presidente do país, William Ruto.

Uma forte presença policial bloqueou o acesso à rua onde se situa o parlamento queniano, em Nairobi, enquanto os deputados da Assembleia Nacional (câmara baixa) continuavam nesta quinta-feira a debater o controverso projeto de lei.

As manifestações desta semana foram convocadas principalmente por jovens através de redes sociais como TikTok, X ou Facebook e tendem a ter um tom pacífico.

A proposta de Lei das Finanças 2024 do Governo propunha novos impostos, como um IVA de 16% sobre o pão e um imposto de 2,5% sobre os veículos automóveis, bem como um aumento de alguns impostos existentes, como o serviço de transferência de dinheiro por telemóvel.

No entanto, o presidente da Comissão de Finanças e Planeamento da Assembleia Nacional, Kimani Kuria, anunciou, na terça-feira, após uma reunião presidida por Ruto, pouco antes de o projeto de lei ser apresentado, que haverá alterações e que alguns impostos serão eliminados.

Entre outros, foram abolidos o IVA sobre o pão, sobre os produtos sanitários como as fraldas, o imposto sobre os veículos automóveis e o aumento dos serviços de transferência de dinheiro por telemóvel.