Continua a subir de nível a guerra comercial entre a China e os EUA (além dos europeus), em que todos têm a perder. Só que os chineses não respeitam as leis do mercado — estipuladas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) — que limitam as ajudas dos Estados aos seus construtores e que levam os americanos (e os europeus) a serem auditados regularmente para garantir que cumprem as regras do jogo.

Depois de os EUA anunciarem que iam aumentar de 25% para 100% os impostos à entrada de veículos produzidos na China, eléctricos ou não, eis que analistas do Bank of America (BoA), como John Murphy, vêm defender que a estratégia a aplicar pelos três gigantes norte-americanos, nomeadamente a Ford, a General Motors (GM) e a Stellantis (a actual proprietária de construtores como a Chrysler, que por sua vez controlava a Dodge, RAM e Jeep), deve focar-se em “reduzir os custos dos seus veículos eléctricos”. O objectivo passa certamente por produzirem as suas próprias células para as baterias e os motores eléctricos que necessitam, além das plataformas específicas para este tipo de modelos, que optimizam a sua eficiência.

Além disso e embora a China continue a ser o maior mercado no planeta para veículos, eléctricos ou não, o BoA aconselha os Big Three construtores norte-americanos a abandonar o país, cuja capacidade de produção instalada lhes permite produzir 44 milhões de automóveis/ano, apesar do mercado interno consumir somente 22 milhões/ano. E como os chineses não querem cortar produção, pois isso elevaria o custo por unidade produzida, o Estado irá reforçar o incentivos aos construtores locais para as vendas no mercado doméstico, além de incentivarem a competitividade nas exportações.

Esta pode ser a explicação para o facto de a GM ter visto reduzir a quota no mercado chinês de 15% em 2015 para somente 8,6% em 2023, o que levou os lucros da divisão chinesa da GM a caírem 78,5% de 2014 para 2023. E tudo isto ainda antes dos incrementos de taxas anunciados pelo Governo norte-americano, de 25% para 100%.

Murphy recorda que, ao contrário do que acontece com a Tesla, que ao produzir tudo o que necessita para construir um veículo, dos motores às baterias, passando por plataformas e software, conseguiu reduzir consideravelmente os seus custos de produção, os Big Three continuam “cerca de 17.000 dólares acima da Tesla só em componentes, pelas suas estimativas”, conclui o BoA. E à Automotive News, Murphy avançou ainda que “há muito trabalho a desenvolver, só para permanecer competitivos com a Tesla”. Já esta marca norte-americana não tem dificuldades em ser competitiva e bater-se taco-a-taco com os construtores locais na China, com os veículos que aí fabrica, obviamente sem ajudas estatais.

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