O Presidente da República voltou a fazer pressão para ver o próximo Orçamento do Estado aprovado, defendendo que a estabilidade política “é preferível”, sobretudo num contexto internacional difícil e com um Plano de Recuperação e Resiliência que tem de acabar de ser executado. O “problema do PRR” será tão relevante que exigirá mesmo “uma frente comum com Presidente, Parlamento e Governo”, avisou Marcelo Rebelo de Sousa

Presente na inauguração de uma exposição do cartoonista António, em Vila Franca de Xira, Marcelo defendeu: “É evidente que, se for possível haver estabilidade política, financeira e económica e ser viabilizado o Orçamento, penso que estamos todos de acordo que é preferível”. E vê possibilidades reais de que isso aconteça? “Eu vejo, mas depende dos partidos”. Até porque já em 2021, antes da rutura definitiva entre os partidos da esquerda, Marcelo fez o mesmo apelo — sem sucesso; agora, diz que com uma situação internacional “pior” e com o PRR atrasado, “se for possível [o OE ser aprovado], melhor”.

Em Vila Franca de Xira, o Presidente deu explicações sobre a sua relação com Luís Montenegro, ao lado de quem tem aparecido em várias ocasiões, e a que tinha com António Costa. “Ao longo de oito anos, às vezes desagradando uma área política que é a minha, entendi que era fundamental em momentos cruciais” — como a crise financeira, os fogos e a pandemia — estar ao lado do primeiro-ministro e do governo anterior”: “Solidariedade é isso”.

Nessa altura, Marcelo assume que fez uma “frente comum perante os problemas nacionais”. Agora, sente a “obrigação” de, havendo “problemas ou decisões importantes”, mesmo que por menos tempo — porque só será Presidente por mais um ano e meio — e de forma menos “intensa”, “ter a mesma predisposição” com Luís Montenegro. Desde logo, Marcelo identificou dois problemas mais significativos: a guerra na Ucrânia e o “problema” do PRR: “É uma corrida contra o tempo em que temos ainda por gastar 14 ou 15 mil milhões de euros até 2026″.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Marcelo vê acordo na Justiça

Questionado sobre as escutas que apanharam António Costa em conversas que não estão relacionadas com a Operação Influencer, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a necessidade de se avançar de uma vez por todas com uma reforma da Justiça: “Acho que há muito tempo na sociedade portuguesa existe um acordo quanto ao repensar da justiça, à reforma da justiça, que é uma tarefa que os partidos têm em mãos para poder realizar”, avisou.

A questão das fugas ao segredo de Justiça, respondeu o Presidente, será “um dos pontos importantes numa reforma a ser ponderada”.

Já sobre o caso das gémeas Marcelo Rebelo de Sousa evitou falar, garantindo que não ouviu a audição da mãe das meninas no Parlamento e que não há “matéria” que o leve a fazer novos comentários, repetindo apenas que “os cidadãos são todos iguais perante os órgãos de soberania, a lei e Constituição”.