Melhor era quase impossível? Bem, olhando para o jogo talvez possa não ser bem assim. Porque com outra eficácia a Espanha tinha resolvido de forma mais rápida o encontro com a Albânia. Porque nos minutos finais alguns jogadores deixaram sinais de desgaste muito comuns a quem tem apenas treinado nos últimos tempos e enfrentou um teste com maior intensidade. Porque esse desgaste deu ainda uma pequena “esperança” ao adversário perante a incapacidade de controlar o jogo com bola como tinha sido feito nos 65 minutos iniciais. No entanto, contas feitas, também é verdade que não se podia pedir muito mais na fase de grupos.

Dani Olmo e a orquestra que merecia ter sempre um 12.º músico em campo (a crónica do Albânia-Espanha)

Aproveitando a qualificação garantida com o primeiro lugar, o encontro foi assinalado por inúmeras estreias (nesta altura só Álex Remiro não teve minutos neste Euro-2024 entre 26 jogadores), pelo marco histórico de Jesús Navas que se tornou o mais velho de sempre a representar os espanhóis em fases finais de Europeus e pelo golo de Ferran Torres, que repetiu o feito de 2020, decidiu o encontro e recebeu o prémio de MVP. No final, aquilo que ficou foi sobretudo o resultado. E um resultado que entroncou em mais do que isso.

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Com a vitória por 1-0 frente à Albânia, a Espanha terminou apenas pela segunda vez na história a fase de grupos só com triunfos, tal como em 2008, quando ganhou o segundo de três Europeus que tem no currículo, mas juntou a isso outro dado que tinha acontecido apenas seis vezes até aqui: não sofrer nenhum golo nos três encontros realizados na fase de grupos, algo que acontecera antes com Itália (1980 e 2020), Alemanha (1996 e 2016), Polónia (2016) e Inglaterra (2020). Destes, apenas os transalpinos, na última edição da fase final do Campeonato do Europeu, tinha mantido a baliza a zeros ganhando todos os encontros.

“Somos livres para sonhar e somos os primeiros mas temos os pés no chão. Estes números têm que gerar um sentimento positivo e mais vontade de conseguir algo importante. Há muito mérito naquilo que estamos a fazer, nunca na história das fases finais de Europeus ou Mundiais fizemos isto de ganhar todos os jogos e manter a baliza a zero”, começou por destacar Luis de la Fuente, selecionador espanhol, depois da vitória com a Albânia, quase que “reclamando” um maior reconhecimento ao trajeto da equipa de Espanha.

“Vamos esperar agora para perceber quem pode ser o nosso adversário nos oitavos mas estamos preparados para quem possa aparecer. Sobre o jogo, o nosso plano acabou por desenvolver-se tal e qual como tínhamos previsto. Talvez na segunda parte pudéssemos ter um pouco mais de controlo do jogo mas demonstrámos que temos um grupo excelente. Agora, nos oitavos, vão exigir mais de nós. Não estou também preocupado com o facto de termos marcado apenas um golo nos últimos dois jogos, estamos a criar e o caminho que seguimos é o adequado. Favoritos? Ficamos felizes quando reconhecem o talento que temos mas isso não vale de nada. Sabemos um dia estamos por cima, no outro já não valemos nada… Mas temos margem para melhorar, em tudo. A começar por mim, claro”, acrescentou o técnico.