Só vai estar ligado um microfone, de cada vez, no debate entre Joe Biden e Donald Trump, nesta quinta-feira. Para garantir que não há interrupções nem um candidato a falar por cima do outro, apenas aquele candidato a quem for dada a palavra, para responder às perguntas dos moderadores, irá conseguir fazer-se ouvir na transmissão televisiva. Esta é uma das regras que foram decididas pela CNN, estação televisiva que vai transmitir e está a organizar o debate – outra é que, apesar de já não estarmos em pandemia, não haverá público.
Além de se evitar que um candidato fale ao mesmo tempo que o outro – ou, pelo menos, evitar que isso se ouça na transmissão televisiva – os organizadores do debate também decidiram que não irá haver público a assistir, ao vivo. A ideia é evitar que algum dos candidatos possa tentar provocar reações como aplausos (ou apupos). No fundo, será uma repetição daquilo que aconteceu nos debates de 2020, em que o mundo vivia em pandemia (de Covid-19) e as regras de distanciamento entre as pessoas impediam que debates televisivos pudessem ter público.
Foram, aliás, essas mesmas regras que ditaram que, ao contrário do que seria convencional, Trump e Biden não se cumprimentaram com um aperto de mão no início do debate de 2020. Desta feita, a pandemia já terminou mas Biden e Trump, com 81 e 78 anos, respetivamente, vão igualmente estar fechados num estúdio com a companhia, apenas, dos moderadores e das equipas técnicas da CNN.
Nos debates de 2020, sobretudo no primeiro, Trump interrompeu Biden repetidamente e procurou desestabilizá-lo. Chegou ao ponto de o democrata interromper o seu discurso, a dada altura, e dizer a Trump: “meu, importas-te de te calar?“.
Os moderadores, Jake Tapper e Dana Bash, irão “recorrer a todas as ferramentas ao seu dispor para respeitar a distribuição de tempos e assegurar que existe um debate civilizado“, indicou a CNN, quando tornou públicas as regras do debate e revelou que tinha sido sorteado que Joe Biden será o primeiro a falar e Donald Trump será o último.
Um debate esta 5ª feira, outro em setembro
Mesmo antes do debate de 90 minutos – que será o primeiro de dois (há outro em setembro) – os dois candidatos já trocaram galhardetes através de mensagens em vídeo e publicações em redes sociais. “O corrupto Joe Biden é o pior debatedor que já enfrentei”, escreveu em maio Donald Trump, na (sua) rede social Truth.
“Ele não consegue juntar duas frases! É também o pior Presidente da história dos Estados Unidos, de longe”, acrescentou Trump, que no final desse mês de maio se tornaria o primeiro ex-Presidente da história norte-americana a ser condenado em tribunal (no caso relacionado com a atriz porno Stormy Daniels).
Antes dessa condenação, quando Donald Trump ainda passava vários dos seus dias em tribunal, Joe Biden disse numa mensagem vídeo — que se seguiu ao envio de uma carta à Comissão de Debates Presidenciais, entidade bipartidária que organiza os confrontos televisivos desde 1988 — que estava disponível para fazer debates com Trump nos dias em que este não tem de comparecer em tribunal.
“Escolha as datas, Donald. Ouvi dizer que tem as quartas-feiras livres”, disse Biden, jocosamente.
A resposta de Trump não tardou, e também com uma farpa. “Estou pronto e disposto a debater o corrupto Joe nas duas datas propostas em junho e setembro”, respondeu Trump. “Eu recomendaria fortemente mais de dois debates e, para fins de entretenimento, um local muito grande, embora Biden supostamente tenha medo de multidões”, ironizou o candidato republicano.
Trump aceita repto de Biden para dois debates em junho e setembro