Era tudo aquilo que menos se esperava. Num Campeonato da Europa marcado pelos muitos golos (e muitos autogolos), ninguém poderia imaginar que a jornada decisiva do grupo C terminaria com nulos nos dois jogos da noite. Aí, no final dos 90 minutos, surgiu quase uma “contradição ótica”. De um lado estavam todos os jogadores e adeptos eslovenos em grande festa pelo empate a zero com a Inglaterra. Do outro estamos todos os jogadores e adeptos dinamarqueses felizes mas sem festa particulares pelo empate a zero com a Sérvia. Onde está a contradição? É que na luta em aberto pelo segundo lugar os escandinavos “ganharam”.

Chamaram Djokovic mas os ases foram todos pelos ares e não anularam o match point (a crónica do Dinamarca-Sérvia)

Havia outras razões paralelas para esses estados de espírito. Para a Eslovénia, em primeiro, segundo ou até terceiro lugares, a passagem aos oitavos do Europeu seria sempre uma participação histórica. Já em relação à Dinamarca, o facto de ter aguentado o forcing final da Sérvia sem sofrer golos e somar o terceiro encontro sem perder (nem ganhar) foi positivo mas ficou também aquela sensação de que uma oportunidade que fosse concretizada sobretudo no primeiro tempo deixaria a equipa na liderança do grupo C, fugindo aos piores cruzamentos possíveis nesta fase a eliminar do Europeu a começar pela anfitriã Alemanha.

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No entanto, e sendo verdade que a Eslovénia estava em segundo ao intervalo, a Dinamarca conseguiu ficar com esse lugar na segunda parte. Como, se não houve golos? Por um cartão amarelo. Isso mesmo, um cartão amarelo. E foi essa falta de Bjal sobre Harry Kane aos 72′ que alterou todas as contas, tendo em conta que os dois conjuntos terminaram os respetivos encontros com dois cartões amarelos cada. Era outro fator de desempate que ficava igualado e que obrigou a ir a uma viagem profunda até ser encontrada uma decisão, sendo que mais um bocado e voltaríamos aos anos 50 e 60 quando se atirava uma moeda ao ar…

  • Confrontos diretos (anulado): empataram a um jogo encontro que fizeram no Euro-2024
  • Diferença de golos (anulado): ambos acabaram com um saldo neutro de zero
  • Golos marcados (anulado): ambos marcaram dois golos e sofreram outros tantos
  • Cartões amarelos (anulado): ambos acabaram os três encontros com um total de seis amarelos
  • Número de pontos na qualificação (anulado): ambos fizeram 22 pontos na qualificação
  • Confronto direto na qualificação: Dinamarca ganhou em casa (2-1) e empatou fora (1-1)

Desta forma, foi preciso recorrer a encontros que se realizaram a 19 de junho (na Eslovénia, 1-1) e a 17 de novembro de 2023 (na Dinamarca, 2-1) para se encontrar um fator de desempate para a posição depois da líder Inglaterra, com essa particularidade de esse fator existir apenas porque ambas as seleções estiveram por coincidência no mesmo grupo de apuramento com Finlândia, Cazaquistão, Irlanda do Norte e São Marino. E com outro ponto curioso: caso o encontro em Copenhaga tivesse acabado com empate, o próximo critério cairia para o lado dos eslovenos, tendo em conta que beneficiavam de uma melhor diferença de golos.

Contas feitas (neste caso, literalmente), a Dinamarca ficou na segunda posição e já sabe que vai defrontar a Alemanha nos oitavos já este sábado em Dortmund, ao passo que a Eslovénia, ao terminar no terceiro lugar, ainda não sabe que líder de grupo vai defrontar tendo como possibilidades o primeiro classificado do grupo E (Bélgica, Ucrânia, Roménia e Eslováquia, que têm todos três pontos) ou… Portugal.