Bar Aberto – O Mundo dos Cocktails

Fernão Gonçalves e Diogo Lopes // Casa das Letras // 21,51 euros

Serve para imensos desbloqueadores de conversa, e desvenda curiosidades que uma vez dominadas o ajudarão a fazer um vistaço num jantar de amigos. De onde vem o álcool? Que copos servem para o quê? O que é um fat wash? Como se faz ginger beer? Onde se encontra orgeat? E o que é leciticina de soja? Não é preciso ser bartender ou aficionado máximo da mixologia para entrar neste “Bar Berto” e adicionar o título em questão à biblioteca pessoal. Enquanto jornalista, Diogo Lopes escreveu várias vezes sobre Fernão Gonçalves, chefe de bar executivo do grupo Plateform. Agora, no mesmo shaker, misturam as palavras de um e o know how de outro. O resultado é um livro versátil e em português sobre cocktails, com informação útil e muitas receitas organizadas por estações para poder impressionar (de novo) os amigos, agora com uma bebida feita por si.

Cowboy Cocktails: 60 Recipes Inspired by the American West

André Darlington // Quarto Books // cerca de 19 euros // língua inglesa

São 60 receitas inspiradas pelo velho Oeste, para cowboys contemporâneos, mas mais do que isso é um regresso ao passado com um conjunto de pequenas histórias e curiosidades que se emborcam de uma assentada. A máquina do tempo de André Darlington, autor longamente dedicado aos cocktails faz-nos estacionar no estilo de vida dos cowboys na ressaca da Guerra Civil. Ficamos a saber, por exemplo, que era o popular o “Free Lunch” (almoço grátis), que consistia na oferta de pequena porções de comida com a bebida, cujo menu tanto podia incluir ostras, como bolachas com queijo Limburger, pão de centeio e sardinha, para não falar de iguarias salgadas como amendoins, chucrute, pretzels e picles de endro, que mantinham os clientes a salivar por mais consumo. Quanto às bebidas aqui descritas para poder reproduzir, também estão repletas de bons condimentos. Atente na “Madame Moustache”, uma mistura à base de  mezcal, néctar de agave, Angostura, e cerveja — que deve o seu nome a Eleanor Dumont, que operava uma série de casas de apostas na fronteira oeste (e, sim, também tinha bigode).

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Alentejo de Honra – Uma História do Vinho Alentejano

José Calado // Editora História e Memória // 72 euros

Formado em História pela Universidade de Évora e doutorando em História e Filosofia da Ciência na mesma instituição, é nas áreas do património, com enfoque local, que José Calado tem desenvolvido o seu trabalho. Com capa dura e alta gramagem do miolo, as cerca de 450 páginas de “Alentejo de Honra – Uma História do Vinho Alentejano”, são o produto de 12 anos de uma investigação que percorreu oito séculos de informação sobre o vinho e a vinha em mais de 32 concelhos. Na obra, o autor mostra como o setor sempre foi estruturante na região, dos registos mais primitivos à atualidade, nos momentos de prosperidade e nas fases de crise, com um destaque particular concedido à afamada vinificação em talhas ou potes de barro. Atenção que a edição é limitada a 300 exemplares e restam apenas cerca de 40. As encomendas devem ser feitas online.

The Bartender’s Pantry: A Beverage Handbook for the Universal Bar

Jim Meehan, com Bart Sasso e Emma Janzen // Penguin // cerca de 33 euros // língua inglesa

É impossível vaguear pela arte dos coquetelaria atual sem averiguar a míriade de ingredientes não alcoólicos convocada para cada experiência. Trocando os copos por miúdos, o melhor é entrar na despensa de um bartender para passar a matéria prima a pente fino. É isso que faz Jim Meehan, um veterano atrás do balcão, contando com o grafismo, texto e fotografia de Bart Sasso e Emma Janzen, e por fim o selo da Penguin. Para começar, “Bartender’s Pantry” inclui uma panorâmica de dez categorias omnipresentes: açúcares, especiarias, laticínios, grãos e nozes, frutas, vegetais, flores e ervas, café, chá, refrigerante e água mineral e fermentos. E claro que cada capítulo sugere receitas ilustradas que incorporam estes mesmos ingredientes, muitas delas reinventando fórmulas tradicionais como horchata, matcha, ou café turco.

Love & Whiskey: The Remarkable True Story of Jack Daniel, His Master Distiller Nearest Green, and the Improbable Rise of Uncle Nearest

Fawn Weaver // Melcher Media // cerca de 20 euros // língua inglesa

No cenário de Lynchburg, Tennessee, há uma história por descobrir, por detrás do nome de uma bem conhecida marca de bourbon. Escritora bestseller do The New York Times (que em 2016 contou a história deste protagonista inesperado), Fawn Weaver destapa essa narrativa pouco conhecida sobre Nathan “Nearest” Green. Nascido em 1820, sujeito a escravidão e apenas emancipado depois da Guerra Civil americana, “Nearest” foi um autêntico mestre na destilaria de Jack Daniel, o primeiro afroamericano nesta posição de que há registo, transmitindo as principais técnicas ao famoso empresário. Weaver, que lançou a Nearest Green Foundation, regista em livro a improvável ascensão de “Uncle Nearest”.

The Connaught Bar: Cocktail Recipes and Iconic Creations

Agostino Perrone, com os contributos de Giorgio Bargiani, Maura Milia, Massimo Bottura e Anistatia Miller // Phaidon // cerca de 30 euros // língua inglesa

No contexto do World’s 50 Best já foi por duas vezes considerado o melhor bar do planeta. Com mais ou menos subidas e descidas em rankings, a verdade é que desde que abriu portas em Mayfair em 2008 que o Connaught Bar tem atraído uma consistente fauna. Entre ingredientes frescos e técnicas inovadoras, Agostino Perrone é o diretor de mixologia responsável pela magia etílica nesta casa, famosa entre outros ex libris pelo seu Connaught Martini. A parte boa no meio de tantos predicados é que este volume ensina a reproduzir em contexto doméstico uma centena de cocktails, e ainda fornece 120 receitas adicionais de xaropes, infusões e guarnições que farão toda a diferença nas suas criações.

The Book of Rosé: The Provençal Vineyard That Revolutionized Rosé By Whispering Angel and Château D’Esclans

Texto de Lindsey Tramuta e fotografias de Martin Bruno //Rizzoli // cerca de 51 euros // língua inglesa

Não é que a região precisasse de protagonismo mas certamente que a famosa “guerra dos rosés” narrada em tempos pela Vanity Fair animou ainda mais os ânimos. À margem de disputas conjugais, ícones contemporâneos como Whispering Angel, Rock Angel, Les Clans, ou Garrus saíram todos eles de Château d’Esclans, a propriedade na Provença com mais de 260 hectares onde se operou uma genuína “revolução do vinho rosé”. Comprado em 2006 pelo enólogo empresário francês Sasha Lichine, o Château d’Esclans escoa garrafas que tanto encantam comuns mortais como celebridades, encapsulando a arte de viver do sul de França e em particular o espírito estival, aqui captados pelas fotografias de Martin Bruno e pela prosa da jornalista Lindsey Tramuta. A capa desta edição Rizzoli, claro, só podia ser em tom fiel à bebida.

“Dusty Booze: In Search of Vintage Spirits”

Aaron Goldfarb // Harry N. Abrams // cerca de 15 euros // língua inglesa

Chamem-lhes salteadores da garrafeira perdida, ou “dusty hunters”, como Kevin Langdon Ackerman, que em 2020, narrava o autor do livro para o The New York Times, descobria a preciosa coleção de rótulos do antigo realizador e produtor de Hollywood Cecil B. de Mille. A tendência ganhou força nos EUA em finais da primeira década no novo milénio e levou interessados como o jornalista Aaron Goldfarb no encalço de quem fareja estas joias raras. “Dusty Booze: In Search of Vintage Spirits” relata essas sagas em busca de antigas bebidas espirituosas perdidas algures em leilões, no mini bar do avô, numa cave ou sótão bafientos, ou em qualquer outro recanto menos mainstream que possa guardar uma pérola vintage. Algures escondido por aí pode morar há anos um exemplar que evoque a era de Mad Men ou que teria servido na perfeição para celebrar o fim da Lei Seca.

“Novo em Folha” é uma rubrica que sugere edições recentes de coffee table books para folhear e decorar, entre outros títulos em papel que valem a pena