Didier Deschamps ainda tentou esconder o jogo, fez uma dissertação sobre como é complicado jogar com uma máscara tendo em conta as limitações que causa em termos de visão do campo, mas de forma natural houve um regresso de Kylian Mbappé quando a França mais precisava. Aliás, no final aquilo que se percebeu é que até precisava de mais Mbappé, assim como já tinha precisado no nulo contra os Países Baixos. Pelo meio, houve uma maldição quebrada, um objetivo falhado e ainda a “pega” com um futuro adversário.

Até com Mbappé em campo deixaram cair a máscara (a crónica do França-Polónia)

Por partes: Kylian Mbappé voltou de máscara (escura e de uma só cor como mandam as regras da UEFA, deitando por terra todos os desejos de muitos fãs que ambicionavam ver uma versão humana da Tartaruga Ninja como se viu nas bancadas do Estádio de Dortmund) e foi o melhor jogador francês diante da Polónia, com cinco remates enquadrados em seis tentados, seis dribles feitos entre oito tentados e oito passes progressivos. Estatísticas à parte, quando aparecia mais no jogo os gauleses criavam mais perigo.

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A tudo isso juntou-se ainda a grandes penalidade convertida após falta de Kiwior sobre Dembelé. Foi a única vez que conseguiu superar a resistência do guarda-redes Skorupski (que acabou por receber depois o prémio de MVP), foi um momento histórico na carreira que se não fosse salientado por vários órgãos ninguém poderia imaginar: apesar de tudo o que já ganhou, incluindo um Mundial em 2018 (além da final de 2022), este foi apenas o primeiro golo do agora jogador do Real Madrid em fases finais do Europeu.

Depois, e já nos minutos finais com o encontro empatado a um, “o” momento. Ao tentar proteger uma bola a meio-campo, Lewandowski, avançado do “rival” Barcelona, acertou em cheio na zona da máscara e no nariz do francês, sendo percetível o insulto do avançado gaulês em resposta a esse gesto ao dizer “Foi aquele filho da p***” enquanto recolocava a máscara. De referir que, antes da partida, o polaco falara sobre a experiência de jogar com essa proteção. “Quando tive de usar não foi bom. É chato, principalmente na área. Tive problemas, não reagi, não conseguia ver bem, o campo de vista foi prejudicado… São alguns milissegundos, mas podem desacelerar um jogador. Entendo as dificuldades que ele enfrenta”, comentara. Depois do jogo, consumado o 1-1 final, os dois avançados cumprimentaram-se e tudo ficou sanado.

Mais tarde, na zona de entrevistas rápidas e também na conferência de imprensa, outra “surpresa”: perante o segundo empate consecutivo e a descida à segunda posição do grupo D, que fez com que a França passasse para o lado que tem Alemanha, Espanha e Portugal, Deschamps teve um discurso muito… “tranquilo”.

“Não estou nada frustrado. O objetivo era acabar em primeiro e tínhamos de ganhar. Se não ganhámos, temos de aceitar. Fizemos o que tínhamos de fazer, tivemos ocasiões. Temos que valorizar o que fizemos. Conseguimos o nosso primeiro objetivo, embora não no lugar que pretendíamos. Deceção? Nada, não estou dececionado, sinceramente. O guarda-redes deles fez várias defesas, nós fomos superiores, concedemos um penálti… Estávamos num grupo difícil, vai começar uma nova competição. Fracasso? Podem interpretar o que é fracasso como quiserem. Temos de melhorar no ataque e marcar mais golos mas não estou inquieto, isso ficaria se não conseguíssemos criar oportunidades. Podemos melhorar”, comentou o treinador.