As portas do Estádio de Alvalade já abriram para a despedida a Manuel Fernandes. Há dezenas de pessoas à espera para prestar a última homenagem ao “eterno capitão”. Frederico Varandas, em declarações transmitidas pelas televisões, destaca Manuel Fernandes como “um dos melhores da nossa história, do Sporting“. “Parte um amigo”, realçou. O presidente do clube, emocionado, agradeceu “tudo” o que Manuel Fernandes “fez pelo Sporting”, dizendo que o Sporting está de consciência tranquila pelas homenagem em vida que o deixou, diz, muito feliz. 

Depois da cerimónia fechada à família, as portas do “hall VIP” abriram ao público às 10h30 e fecham às 23h30. No domingo, o cortejo fúnebre parte da Praça Centenário às 11h00. O funeral será reservado à família.

O ex-futebolista e treinador morreu na quinta-feira aos 73 anos. Nascido em Sarilhos Pequenos, a 5 de junho de 1951, realizou com a camisola do Sporting mais de 400 jogos e apontou mais de 250 golos, conquistando dois campeonatos nacionais (1979/1980 e 1981/1982), duas Taças de Portugal (1977/1978 e 1981/1982) e uma Supertaça (1982).

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Nas redes sociais, o Sporting publicou um vídeo de homenagem a Manuel Fernandes, com a “passagem de testemunho” entre goleadores do Sporting, até Viktor Gyokeres.

Muitos adeptos passam pelo Estádio para a homenagem. Além de adeptos, também elementos da Federação foram ao velório. Assim como André Villas Boas, presidente do FC Porto, que, à saída, falou de Manuel Fernandes como “uma grande lenda do futebol”, com “grande memória para a família sportinguista”. “Uma pessoa digna, honrada, que sempre honrou o futebol português, que trouxe muita competitividade contra o “nosso” FC Porto. “Atravessa gerações, atravessa o tempo, um grande símbolo do Sporting”, realçou em declarações passadas pela Sporting TV.

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, falou do privilégio de “conviver muitas vezes” e “era uma fonte de prazer, conviabilidade, amizade, é esse homem que recordo extraordinário, generoso, e que não posso deixar de expressar um sentimento de perda”. “Aos homens grandes, que têm influência nos outros, a comunidade retribui com sentimento de grande afeto, de perda nacional. O Manuel Fernandes era uma referência”.

João Palma, presidente da mesa da assembleia-geral, manifestou, em declarações transmitidas pela Sporting TV, a “tristeza profunda” neste momento “de desgosto”, endereçando condolências também aos adeptos e simpatizantes. “É um sofrimento geral, generalizado, que trespassa os corações de todos os sportinguista”. E fala de uma homenagem “merecida”, “por tudo o que Manuel Fernandes representou e representa”. Uma pessoal leal ao Sporting, um “exemplo de humildade, dedicação e fidelidade ao clube”. Representa “o amor inultrapassável ao Sporting, com humildade enorme”, para quem foi uma “vedeta”.

O antigo presidente da mesa, Eduardo Barroso, em declarações à Sporting TV, deixou uma palavra de solidariedade para Tiago Fernandes, filho de Manuel Fernandes que é treinador, “um exemplo de dedicação, de amor e de disponibilidade para o pai”. Sobre o “eterno capitão”, “eu vi-o jogar muitas vezes”, realçou, recordando o triunvirato Manuel Fernandes, Jordão e Oliveira. Apareceu para substituir o argentino Yazalde e jogou 12 anos pelo Sporting: “hoje em dia já não há”.  Era, diz Eduardo Barroso, “um ser humano invulgarmente bom” e humilde e “sobretudo um homem que amou o seu clube”. 

Em nome da Federação Portuguesa de Futebol, José Couceiro, que é vice-presidente, compareceu no velório, falando num “momento duro”, realçando a manifestação de homenagem a uma pessoa que “foi sempre alguém que respeitou os outros, muito justamente temos de estar grato por tudo o que fez pelo futebol e o seu comportamento em relação a todos os elementos”. Deixa, segundo José Couceiro, “um legado grande”, assumindo que “nunca iremos esquecer o capitão que ele representou”, disse José Couceiro, que chegou a estar nas estruturas de futebol do Sporting, como diretor-geral e treinador.

Para este responsável, “é muito importante termos exemplos para os mais jovens, todos nós temos a obrigação de passar esse conjunto de valores e princípios para que o jogo tenha essas valências, e seja um jogo em que temos adversários, mas não temos inimigos”.

Tomás Paçó, jogador de futsal no Sporting, destacou a importância do “eterno número nove” no clube leonino. “Acho que toda a gente que pratica qualquer desporto aqui no Sporting sabe quem foi Manuel Fernandes: Uma figura do futebol português, uma figura do Sporting. Representa o que é ser um atleta do Sporting”, afirmou.

Apesar de dizer que não privou muito com Manuel Fernandes, o jogador também relembrou algumas memórias que o marcaram mais, falando dos momentos em que o ex-capitão chegava ao camarote durante os jogos e transparecia uma alegria enorme e motivação em seu redor: “A forma como vivia o Sporting foi de longe o sentimento mais marcante”.

Paçó aproveitou ainda a oportunidade para deixar um recado aos futuros atletas sportinguistas e revelou qual pensa ser o segredo para o sucesso do clube: “Espero que cada vez mais apareçam jogadores assim. Acho que esse é o segredo para as coisas correrem bem: Haver pessoas como ele, a passarem este sentimento, este respeito e gratidão pelo Sporting”.

O ex-jogador Dimas ( jogou a defesa no Sporting e no Benfica) fala de um segundo pai, o “grande mister”. “E deixa saudades”, disse à Sporting TV.

Nélson Pereira, que também foi jogador do Sporting (guarda-redes), e que trabalhou com Manuel Fernandes, diz que tinha uma ligação próxima com o “número 9”. “A história do Manuel vai ser para sempre lembrada, É um dos maiores símbolos que passou por aqui e está a passar de geração para geração, e isso é a homenagem mais bonita que pode acontecer a uma pessoa com uma história destas. É um adeus que ao mesmo tempo sabemos que a história fica toda aqui. Foi um privilégio partilhar tantos dias com ele”. O Manuel Fernandes “é muito mais do que o Sporting. O Manuel é futebol”. 

André Santos, jogador que foi treinado no Leiria pelo Manuel Fernandes e que foi também jogador do Sporting, lembra que Manuel Fernandes fazia palestras sobre o jogo e que falava muito dos seus jogos e golos, nomeadamente no que ficou para a história dos 7-1 ao Benfica.