As marchas do orgulho LGBTQ+ trouxeram no sábado milhares de pessoas às ruas de várias capitais da América Latina, apesar de tensões políticas na Bolívia e de tentativas judiciais de impedir o evento na Guatemala.
Mais de oito pessoas participaram no desfile na Cidade da Guatemala, apesar de uma ordem do Tribunal Constitucional que exigia que a Polícia Nacional Civil fiscalizasse o evento para que tudo fosse realizado de acordo com “os bons costumes”.
Na sexta-feira, o supremo tribunal da Guatemala ordenou às forças de segurança que vigiassem a marcha para que não incluísse “atos imorais”, na sequência de uma denúncia apresentada junto da justiça.
“As tentativas de nos silenciarmos são inúteis. Hoje [sábado] festejamos com mais força e mostramos nas ruas que resistimos”, disse à agência de notícias Efe Aldo Dávila, antigo deputado que participou no desfile.
O Observatório para Mortes Violentas de Lambada disse num relatório que a Guatemala registou pelo menos 34 crimes de ódio em 2023, mais 20% do que em anos anteriores, e que o Ministério Público não abriu qualquer investigação para encontrar os responsáveis.
Também no centro de Lima milhares de pessoas aderiram este sábado à marcha do orgulho LGTBI, convocada este ano para assinalar que a homossexualidade foi descriminalizada há 100 anos no Peru.
Entre 2020 e 2023 foram registados 170 casos de violação dos direitos da comunidade LGBTI, de acordo com um relatório do Observatório de Direitos Humanos LGBTI da Universidade Cayetano Heredia.
Em El Salvador, centenas de ativistas e membros da comunidade LGTBI marcharam pelas principais ruas da capital para exigir respeito e garantia dos seus direitos, num país que atravessa “momentos complicados”.
Num comunicado, o Movimento Alargado LFBT+ El Salvador disse que nos últimos cinco anos houve uma série de retrocessos que afetam os direitos da comunidade no país, como a dissolução da direção para a diversidade sexual e a revogação de um decreto que proibia todas as formas de discriminação com base na orientação sexual e na identidade de género.
As ruas do centro da capital da Bolívia, La Paz encheram-se de bandeiras com as cores da comunidade LGTBI, com centenas de pessoas a reivindicar o reconhecimento do seu trabalho para a sociedade, o direito a serem respeitadas e a liberdade de escolher.
A vice-ministra da Igualdade de Oportunidades, Nadia Cruz, que também participou no evento, defendeu que a Bolívia realizou grandes progressos em benefício da comunidade LGTBI.
“Agradeço à cidade de La Paz e ao seu respeito, abrindo o seu coração em plena luz do dia e permitindo esta marcha das diversidades”, disse ainda o autarca de La Paz, Iván Arias, durante a marcha.
O evento aconteceu três dias depois da Bolívia ter sido abalada por uma alegada tentativa de golpe de Estado contra o Presidente Luis Arce, liderada pelo ex-comandante do exército, que terminou com a detenção de 21 militares.