A vice-postuladora da Causa de Canonização da Irmã Lúcia, Ângela Coelho, admitiu que “não existe” ainda nenhum milagre que permita avançar no processo da beatificação da vidente de Fátima, que morreu em fevereiro de 2005.

Ainda não temos nenhum milagre. Temos algumas graças que já estão a chegar e chegam algumas muito interessantes. Um ou outro caso já apresentei, mas a Santa Sé disse que não tinha assim as características que era preciso”, disse a irmã Ângela Coelho à agência Lusa, sublinhando que “está a surgir imenso interesse” em torno da mais velha dos três pastorinhos.

A Irmã Lúcia “é venerável [a promulgação do decreto que proclama as ‘virtudes heroicas’ da Irmã Lúcia foi autorizada pelo Papa Francisco em 22 de junho de 2023] e este é um grande passo do ponto de vista humano”, frisou Ângela Coelho, acrescentando que, “com esse documento, a Igreja diz que a Irmã Lúcia praticou as virtudes em grau heroico”.

Segundo a atual Superiora Geral da Aliança de Santa Maria, congregação religiosa que tem a Mensagem de Fátima no centro do seu carisma, Lúcia de Jesus “pode ser um modelo, ainda não pode ter culto, porque falta a beatificação, que é, do ponto de vista teológico, a confirmação de Deus sobre esta afirmação humana do Decreto de Heroicidade das Virtudes”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ângela Coelho disse esperar que “não demore muitos anos” a beatificação de Lúcia, mas está convicta de que “não é para já”.

“Não tenho indicações que seja para já. Claro que o Santo Padre pode fazer o que entender”, afirmou.

A religiosa espera ir ainda este ano ao Chile e às Filipinas, “onde estão a pedir especificamente para falar de Fátima, mas da Irmã Lúcia [em particular], porque começa a surgir no coração dos fiéis um grande interesse por esta mulher a quem tanto devemos na igreja em Portugal”.

As “Memórias da Irmã Lúcia” continuam a ser um dos principais meios de contacto dos peregrinos com o relato das aparições e com a Mensagem de Fátima.

Ângela Coelho disse à agência Lusa que a sua tiragem, desde o início da publicação, na segunda metade do século XX, situar-se-á entre os dois e os três milhões de exemplares.

“Temos de recordar que o padre Luís Kondor [sacerdote húngaro, radicado em Fátima desde 1954, e que foi vice-postulador da Causa da Beatificação de Jacinta e Francisco Marto, falecido em 2009] oferecia, sobretudo nas décadas de 70 e 80, milhares e milhares” de exemplares, lembrou a religiosa.

Segundo Ângela Coelho, têm sido feitas muitas reimpressões e, no ano 2000, foi inserido o estudo teológico do cardeal Ratzinger [depois Papa Bento XVI] à terceira parte do segredo de Fátima.

“Melhorámos também algumas traduções. Sobretudo as edições em francês, italiano e inglês tiveram umas alterações profundas”, acrescentou a religiosa.