À oitava foi de vez. Depois de tentar (e falhar) sete vezes, Nigel Farage conseguiu, finalmente, alcançar o objetivo de conquistar um lugar na Câmara dos Comuns do Reino Unido. O líder dos reformistas (Reform UK), partido que conseguiu alcançar nestas eleições os seus primeiros mandatos, venceu o círculo eleitoral de Clacton-on-Sea, região onde foi visto a passear ao longo do dia e onde até foi apanhado a comer um gelado.

No discurso de vitória, que lhe permitirá fazer pela primeira vez parte do parlamento britânico, Nigel Farage prometeu dar o seu “melhor” nas novas funções, mas também por Clacton, nomeadamente para colocar a região no “mapa”, atraindo mais turistas e mais “investimento privado”. O antigo eurodeputado antecipou ainda que o governo do Reino Unido, que será trabalhista, “vai estar em apuros muito, muito em breve” e disse que o Reform vai preencher a “lacuna” no centro-direita britânico. “Vamos atrás dos trabalhistas, não tenham dúvidas disso… este é apenas o primeiro passo de algo que vos vai surpreender a todos”, garantiu.

Momentos antes, ao chegar à assembleia de voto onde conheceria os resultados, a promessa de ir atrás do Partido Trabalhista já tinha sido feita, segundo o The Guardian. Além disso, Nigel Farage disse que a eleição de Lee Anderson, antigo deputado conservador que foi o primeiro deputado eleito dos reformistas, conquistou um mandato porque ‘desertou’ (algo que outros conservadores não terão feito).

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O Reform conseguiu o seu primeiro mandato com a vitória, em Ashfield, de Lee Anderson, que passou a representar o partido de Farage depois de os conservadores o terem suspenso por se ter recusado a pedir desculpas quando disse que os islamistas tinham o controlo do presidente da autarquia de Londres, Sadiq Khan.

Horas antes de os resultados começarem a ser conhecidos, numa primeira reação às sondagens à boca das urnas que já antecipavam que seria eleito e que o seu partido poderia conquistar até 13 deputados (um crescimento significativo), Farage falou numa “revolta aos establishment” e disse que os resultados seriam melhores do que as projeções: “É quase inacreditável. Vamos ganhar muitos, muitos lugares.”

Na mensagem partilhada na rede social X, Nigel Farage deixou ainda uma crítica aos meios de comunicação, afirmando que era “cómico” que não existisse nenhum representante do seu partido nas televisões na cobertura às eleições gerais. “Os media mainstream estão em negação, tal como os partidos políticos”, atirou o líder dos reformistas.

Ao longo das últimas décadas, Nigel Farage emergiu na política britânica como uma voz anti-Europa e desempenhou um papel importante na votação para o Brexit. Em 2016, participou na campanha eleitoral de Donald Trump, para as eleições presidenciais norte-americanas, tendo sido apresentado às milhares de pessoas que se encontravam numa ação no Mississippi como “Mr. Brexit”.

De acordo com a Sky News, Farage chegou a ser membro dos conservadores, mas saiu em 1992 — aos 28 anos — por não concordar com a assinatura do Tratado de Maastricht e a “união cada vez mais estreita” que o documento exigia. No ano seguinte, ajudou a fundar o Ukip (Partido de Independência do Reino Unido).

Se enfrentou dificuldades em ser eleito nas eleições britânicas, o mesmo não aparenta ter acontecido naquelas em que os eleitores votavam para cargos europeus. Farage foi eurodeputado entre 1999 e 2020, mantendo uma voz crítica face à União Europeia.

Mais recentemente, teve um programa em nome próprio no canal GB News — que deixou para se concentrar nas eleições gerais britânicas. Fora da política, Farage, de 60 anos, participou, em 2023, no reality show I’m a Celebrity… Get Me Out of Here, tendo, segundo o The Telegraph, ficado em terceiro lugar.

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