Kylian Mbappé não tem propriamente uma agenda desafogada. Ganhou alguma margem depois da recusa do Real Madrid em ceder o seu novo jogador à seleção olímpica da França que irá receber os Jogos Olímpicos a partir de 26 de julho mas nem por isso são muitas as “folgas” na agenda. Este mês, claro, não é exceção. Há a fase final do Campeonato da Europa, que além do encontro dos quartos frente a Portugal esta sexta-feira pode contar ainda com meias-finais (9) e a final (14) em caso de triunfo, a operação ao nariz que terá de fazer mal pare de competir, alguns dias de férias, vários compromissos publicitários. Agora, o campeão europeu e espanhol “fechou” mais uma data com o avançado. E esse dia 16 será tudo menos um dia qualquer.

De acordo com o jornal As, o Real Madrid tem previsto para esse momento a apresentação oficial do número 10 francês no Santiago Bernabéu. E, claro, não será um episódio qualquer. “Estamos a montar a apresentação com mais impacto de sempre que fizemos alguma vez para um futebolista”, refere o jornal citando uma fonte interna em relação ao momento em que o avançado irá aparecer perante 80.000 adeptos com a camisola 9 dos merengues (por querer respeitar a hierarquia e manter o 10 com Luka Modric). Ainda não existem dados certos sobre essa festa mas fala-se de uma passadeira versão Taylor Swift, que atuou recentemente no mesmo local, fogo de artifício, imagens no ecrã panorâmico 360º que é um dos destaques da renovação do estádio, música ao vivo e mais surpresas. Objetivo? Demonstrar através dessa apresentação que o clube está a iniciar uma nova era, à semelhança do que aconteceu com CR7 há 15 anos.

Há muito que a vida, o percurso e os feitos de Ronaldo são uma inspiração para Mbappé, que antes de mais um encontro contra o capitão da Seleção confidenciou que mantém o contacto com o avançado de 39 anos. “É uma honra jogar contra ele, todos sabem a admiração que tenho pelo Cristiano. Ainda mantemos contacto, ele tenta sempre dar-me conselhos, o que é bom. Não importa o que está para trás ou o que vier a acontecer, ele vai continuar a ser uma lenda do jogo mas esperamos vencer amanhã [sexta-feira]”, comentou o capitão francês. E com uma curiosidade: nos quatro encontros diante de CR7, Mbappé nunca ganhou nem marcou entre dois empates de seleções (0-0 na Liga das Nações de 2020, 2-2 no último Europeu com bis do português) e duas derrotas em clubes (3-1 com bis de Ronaldo, 2-1 com mais um do português no Real-PSG).

“É preciso saber valorizar o que ele foi e o que é. Ele é um jogador único, não haverá outro como ele. Deixou a sua marca num bom número de gerações, soube reinventar-se e respeito-o muito. Quero seguir o meu próprio caminho. Tenho sorte de ter a oportunidade de iniciar o sonho de jogar no Real Madrid mas não vou lá para continuar a escrever a história do Cristiano. Também espero fazer algo único em Madrid mas será diferente dele”, acrescentou sobre o ídolo, sem esquecer os outros destaques da Seleção: “Quando se joga contra uma equipa como Portugal, é perigoso falar num jogador porque são bons em todas as posições. Costumamos falar do Cristiano mas Rafael Leão é um perigo, há Bruno Fernandes, o Bernardo Silva, os meus ex-companheiros de PSG… São todos perigosos, não devemos fixar-nos apenas num só jogador”.

Pelo posicionamento no terreno, Mbappé irá também defrontar outro antigo jogador do Real Madrid a quem nunca ganhou nos dois encontros realizados sempre no Portugal-França. “Nunca é fácil jogar contra grandes jogadores como o Pepe. Ele foi uma lenda do Real Madrid, do FC Porto e da seleção portuguesa. É uma honra jogar contra ele. Tem 41 anos, não me recordo de jogadores que disputaram os quartos de final aos 41 anos. Respeito-o por tudo o que conquistou, não é para qualquer um”, salientou o avançado gaulês que só neste Europeu conseguiu pela primeira vez marcar na competição apesar de já ser campeão do mundo.

A conferência de lançamento da partida dos quartos teve sempre um Kylian Mbappé descontraído, bem disposto e até a fazer algumas piadas. “Estou aqui à esquerda, neste caso à extrema esquerda”, referiu um jornalista quando chamava o jogador na sala de imprensa. “Ao menos estás desse lado, menos mal. Se fosse do outro…”, atirou. Apesar das constantes tentativas para que a política não fosse tema, o capitão da equipa francesa não se escudou de responder às perguntas nesse sentido a poucos dias da segunda volta depois do triunfo do RN de Marine Le Pen. “Mais do que nunca é preciso ir votar, é verdadeiramente urgente. Não podemos deixar cair o país nas mãos dessa gente. Vimos os resultados e é catastrófico. Espero que isso mude e que toda a gente esteja mobilizada para ir votar e para votar do lado bom”, salientou.

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