(Em atualização)

Pelo menos oito pessoas morreram no Texas devido à passagem do furacão Beryl que chegou na segunda-feira de madrugada aos Estados Unidos, na costa do Texas, poucas horas depois de ter sido classificado novamente como furacão de nível 1, com ventos a atingirem os 128 quilómetros por hora e chuvas fortes a provocarem inundações.

O ciclone baixou de intensidade e é agora classificado como “ciclone pós-tropical” pelo Centro de Furacões norte-americano, embora o “risco de inundações repentinas e alguns tornados ao longo e a sul do trajeto do ciclone” se mantenha, como é avançado na rede social X.

Além das vítimas mortais, os ventos fortes e a chuva torrencial deixaram dois e meio milhões de pessoas sem eletricidade. O New York Times revela que a maioria das casas sem energia elétrica estão na parte leste do estado do Texas.

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Joe Biden disse ao The Houston Chronicle, na terça-feira, que não conseguiu entrar em contacto com os líderes do Estado do Texas durante dias — o que terá levado a um atraso na distribuição de ajuda de emergência aos afetados pelo furacão. O vice-governador Dan Patrick rejeitou as acusações, afirmou que sempre esteve disponível, e acusou o Presidente de politizar a tempestade.

Entre as vítimas mortais estão uma mulher de 74 anos, que não resistiu aos ferimentos causados pela queda de uma árvore no telhado da casa onde vivia, na zona norte de Houston, revelaram as autoridades locais, e um homem, que vivia em Atascocita, também na zona norte de Houston, estado do Texas. A casa também foi atingida por uma árvore.

Estava em casa com a sua família, abrigado da tempestade. Um carvalho caiu sobre o telhado, partiu as vigas e a estrutura caiu sobre o homem. A mulher e os filhos escaparam ilesos“, referiu o xerife Ed Gonzalez.

Outras duas vítimas são um funcionário civil do Departamento de Polícia de Houston que se afogou quando o carro ficou submerso na água e um homem que morreu num incêndio numa casa atingida por um raio.

Segundo Gonzalez, mais duas mortes foram provocadas pela queda de uma árvore sobre as suas casas na área de Houston, devido aos ventos fortes.

Na segunda-feira, minutos depois de o Beryl atingir o litoral, o Centro de Furacões (NHC) norte-americano alertava para a tempestade, caracterizada por “precipitação intensa”, que representava “uma ameaça de morte”. Foram registados ventos com força de tempestade tropical e rajadas de vento com força de furacão ao longo da costa, que se propagaram para o interior, como deu conta o NHC em comunicado.

O Centro emitiu alertas regulares sobre a evolução do furacão, desde que este se formou, mas depois do rasto de destruição que deixou nas Caraíbas, onde causou pelo menos onze mortos, as autoridades norte-americanas reforçaram os apelos aos civis para que evacuassem as zonas costeiras.

Furacão Beryl atingiu categoria de “potencialmente catastrófico” e aproxima-se da Jamaica após devastar Granada, nas Caraíbas

Contudo, as autoridades temeram que os avisos não estivessem a ser levados tão a sério como deviam. “Uma das coisas que nos preocupa um pouco é o facto de termos olhado para todas as estradas que saem da costa e os mapas ainda estão verdes. Portanto, não vemos muitas pessoas a sair”, alertou o vice-governador do Texas durante o fim de semana, citado pelo The Guardian.

Apesar de ter perdido força em relação às Caraíbas, Dan Patrick destacou que o furacão ainda representava “uma ameaça séria para os [sete milhões de] texanos”, abrangidos pelos alertas. O vice-governador alertou ainda para a possibilidade de cheias e falhas de energia, que se verificaram ainda antes do Beryl chegar a terra: na manhã de segunda-feira, 146 mil habitantes tinham ficado sem eletricidade, relatou o Houston Chronicle. Outros meios de comunicação locais partilharam ainda imagens das chuvas fortes, semelhantes às que se difundem na internet.

Antecipando o primeiro furacão da época, o Centro de Furacões desdobrou-se em avisos. Às autoridades civis pediu que “acelerassem a preparação”.

Aos civis, pediu que seguissem as indicações das autoridades. “Se vive na zona de evacuação por tempestade, comece a preparar-se para o caso de as autoridades locais lhe pedirem para sair”, declarou o diretor do NHC numa entrevista à imprensa local.

No domingo à tarde, o porto de Corpus Christi foi o primeiro a encerrar, medida que se repetiu depois em Houston, Galveston, Freeport e cidade do Texas. Também a Space X relatou o encerramento dos portos. A empresa de Elon Musk, que opera a partir da ilha de South Padre, na costa dos EUA, publicou um vídeo em que mostra as aeronaves e as gruas de construção a serem recolhidas, em preparação para os ventos fortes.

Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), este é o primeiro furacão da época, que se prolonga entre o início de junho e o final de novembro. É ainda o primeiro furacão alguma vez registado a atingir o nível 5 tão cedo na época. Desde o final do século XIX, a NOAA relata que 109 sistemas tropicais, de diferentes categorias, já atingiram o Texas, mas alerta que a frequência destes fenómenos extremos deve aumentar, devido às alterações climáticas.

O Beryl atingiu Granada há mais de uma semana, onde aumentou de violência, para um furacão de categoria 5. Depois, seguiu para as restantes ilhas das Caraíbas e Venezuela, onde causou a morte a pelo menos onze pessoas. Em seguida, baixou para a classificação de tempestade tropical, antes de seguir para o México, mais especificamente a península do Iucatã, onde não se registaram mais vítimas.

Beryl desce para tempestade tropical na passagem pelo México, onde não provocou vítimas. Voltará a ganhar força antes de chegar ao Texas

Alimentado pelas águas quentes do golfo do México, o Beryl voltou a crescer até furacão, onde atingiu a costa do Texas.

Este ano é esperada uma temporada de furacões no Atlântico acima da média, com a possibilidade de se formarem até 13 furacões, dos quais sete podem ser de categorias mais altas na escala.