O Presidente da República elogiou esta quinta-feira a Fundação Calouste Gulbenkian por promover o diálogo e a tolerância, com o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, num tempo de “expressões de egoísmos nas nações”.

Marcelo Rebelo de Sousa discursava na cerimónia de entrega deste prémio, de um milhão de euros, que na sua quinta edição foi atribuído a dois programas e a um cientista considerados pioneiros na agricultura sustentável, na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

A atual presidente do júri Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, discursou antes e anunciou os vencedores desta edição: o programa Andhra Pradesh Community Managed Natural Farming (Índia), o professor Rattan Lal (Estados Unidos da América/Índia) e a plataforma SEKEM (Egito).

O chefe de Estado, que interveio depois, homenageou os premiados e também “a memória de Calouste Gulbenkian, inspirador” e a Fundação Calouste Gulbenkian por este prémio, que descreveu como “um prémio de longo prazo” que “tem resistido à mudança dos tempos”.

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“A Gulbenkian merece a nossa gratidão por manter este sentido do prémio. Num momento em que se multiplicam os apelos unilateralistas, em que surgem expressões de egoísmos nas nações ou nas sociedades, haver um prémio que aponta para o multilateralismo, um prémio que aponta para o diálogo, para a tolerância, para a ultrapassagem das fronteiras, para a vida concreta das pessoas, significa que a Gulbenkian está a cumprir a sua missão, o seu ADN“, considerou.

Segundo o Presidente da República, os tempos atuais são “muito diferentes em termos geopolíticos” da conjuntura de há cinco anos, “e poderia haver o apelo para deixar de olhar para um prémio destinado à humanidade a pensar nos desafios do desenvolvimento sustentável”, em favor de “visões de curto ou de médio prazo”.

“O ADN da Gulbenkian, do Prémio Gulbenkian para a Humanidade é um ADN universalista. Sentimo-nos felizes por esse ADN, sentimo-nos orgulhosos desse ADN”, acrescentou.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi instituído pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2020 com o propósito de distinguir pessoas, grupos de pessoas ou organizações que se tenham evidenciado no combate à crise climática com contribuições originais, inovadoras e com impacto.

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O antigo chefe de Estado Jorge Sampaio presidiu ao júri deste prémio até à data da sua morte, 10 de setembro de 2021.

Em 2020, o Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi atribuído à jovem ativista sueca Greta Thunberg e na segunda edição, em 2021, ao Pacto de Autarcas para o Clima e Energia, aliança constituída por mais de 10 mil cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal.

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Na terceira edição, em 2022, o prémio foi para a Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) e para o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).

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Em 2023, foram premiadas três personalidades: Bandi ‘Apai Janggut’, líder da comunidade Sungai Utik na Indonésia, Cécile Bibiane Ndjebet, ativista e agrónoma dos Camarões, e Lélia Wanick Salgado, ambientalista, designer e cenógrafa brasileira.

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