O início de 2024 foi particularmente animado na Tesla. Não do ponto de vista do produto, mas sim no que respeita à batalha entre accionistas e, sobretudo, entre um deles e o CEO Elon Musk. Mas esta querela interna acabou de sofrer mais uma (surpreendente) reviravolta, uma vez que os advogados que defenderam os interesses do accionista contestatário, Richard Tornetta, que consistia em impedir que a Tesla cumprisse o acordo que assinou há seis anos com o seu CEO — pagar um prémio de 56 mil milhões de dólares, caso Musk atingisse uns objetivos de crescimento que a administração considerava impensáveis —. exigem agora uma verdadeira fortuna pelo trabalho realizado, de aproximadamente 7,2 mil milhões de dólares. Para mais, depois de uma batalha em tribunal que, ao que tudo indica, não deverá ter qualquer sucesso.

A administração da Tesla acordou com Musk uma série de objetivos que, caso fossem ultrapassados, levariam o construtor a pagar ao CEO um prémio de 56 mil milhões de dólares. E até lhe concederam 10 anos para materializar as suas metas, dos quais Musk necessitou de apenas seis. Mas antes que os 56 mil milhões em acções fossem entregues, Tornetta, um accionista com apenas nove acções à data da queixa — enquanto Musk possui 715 milhões de acções, cerca de 23% da Tesla —, foi a tribunal acusando a marca de ter feito um negócio ruinoso. E, em Janeiro de 2024, a juíza deu-lhe razão, aceitando o argumento que o CEO poderá ter um ascendente sobre a administração, uma vez que foi ele que os nomeou.

Administração da Tesla pede autorização para pagar 55,8 mil milhões a Elon Musk

Tornetta contratou três escritórios de advogados para montar o processo contra a Tesla e agora os advogados anunciam que trabalharam no caso durante cinco anos e pretendem ser remunerados com 29 milhões de acções da marca, o que representa cerca de 7,2 mil milhões de dólares. Se pagar esta quantia para poupar 56 mil milhões pode parecer uma pechincha à primeira vista, na realidade pode apenas incrementar o prejuízo, uma vez que, em Junho, a Tesla pediu aos accionistas que exprimissem a sua posição em relação ao pagamento do prémio ao CEO e 77% responderam afirmativamente.

O caso irá agora regressar ao tribunal do Delaware, onde a juíza McCormick decidiu a favor de Tornetta em Janeiro, mas a posição maioritária dos accionistas dificilmente lhe permitirá repetir a decisão. E, para que a intromissão de tribunais que acreditam ser melhores a gerir empresas do que elas próprias não se volte a repetir, a Tesla pediu igualmente aos accionistas que aprovassem uma mudança da incorporação da marca para o Texas. E 63% disseram que sim.

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