Nas estreias nacionais e internacionais, no teatro, surgem os nomes de Carolina Bianchi Y Cara de Cavalo, Elmano Sancho, Guilherme Gomes/Teatro da Cidade, Mohamed El Khatib e Mário Coelho, e, no cinema, a primeira edição do Lisbon Arab Film Festival mais o Doclisboa, segundo a programação divulgada esta quarta-feira pela Culturgest.

A crise da habitação, o fascismo, a liberdade, a sexualidade e o envelhecimento, a imaginação, o ambiente, a violência contra as mulheres, a perda, a inteligência artificial e as ficções tecnológicas são alguns dos temas abordados na próxima temporada nas artes e em conferências.

Inserido no programa das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, a Culturgest estreia A Colónia, nova peça do encenador e cineasta Marco Martins, que parte de uma investigação da jornalista Joana Pereira Bastos para construir um espetáculo sobre uma colónia de férias para filhos de presos políticos, em 1972, nas Caldas da Rainha.

Durante duas semanas, 18 crianças, marcadas pela prisão dos pais e com um passado de clandestinidade e solidão, aprenderam pela primeira vez a brincar em conjunto e em liberdade.

Marco Martins reuniu um elenco de crianças e alguns dos participantes da colónia para trabalhar a partir destas histórias e vivências pessoais durante o Estado Novo.

A temporada inicia-se com Cordeiros de Deus ou Soldados da Esperança, a nova obra do ator e dramaturgo Elmano Sancho que procura, através da história, descobrir qual é o significado do sacrifício nos dias de hoje.

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Ainda no teatro, Guilherme Gomes e o Teatro da Cidade apresentam Solstício de Inverno, peça que se inspira no Telefone do Vento – uma cabine telefónica para falar com quem já partiu – e que “coloca em palco a maior das desconhecidas, a morte, partindo do desamparo, da dor e da imaginação, em busca de consolo”, segundo a sinopse.

No início de 2025, o ator, encenador, e dramaturgo Mário Coelho apresentará Quando Eu Morrer, Vou Fazer Filmes no Inferno!, onde uma invasão de estranhos a um apartamento leva ao pânico e à tragédia.

Nas artes visuais, a temporada destaca a nova exposição Alexandre Estrela, a primeira exposição do francês Jean Painlevé e uma exposição da artista Isabel Carvalho, bem como os ciclos Território, com exposições em Lisboa (Fidelidade Arte) e na Culturgest Porto.

Na dança, Sofia Dias & Vítor Roriz apresentam Ruído, resultado de processos de investigação interdisciplinar desenvolvidos em 2023 e 2024, na Fundação Champalimaud, em sinergia com investigadores do Champalimaud Center for the Unknown.

Na música internacional, o regresso, após sete anos de ausência, de Ben Frost a Portugal, para apresentar o seu mais recente álbum, Scope Neglect, e de Kevin Morby que tocará em exclusivo com o Ensemble da Escola Profissional de Música de Espinho, e ainda a pianista Shida Shahabi, que vem apresentar o seu mais recente trabalho.

Na música nacional, os Mão Morta irão celebrar os 40 anos de carreira com um álbum inspirado nas vozes da Revolução dos Cravos e participam no debate “Do Fascismo à Extrema-direita e Vice-versa”.

O trio de jazz e rock The Rite of Trio faz uma apresentação especial do projeto Amores Infinitos, com um ensemble coral de seis vozes, e em janeiro, Joana Gama & Luís Fernandes apresentam o álbum Strata.

Nas artes visuais, em Lisboa, A Natureza Aborrece o Monstro, uma exposição de Alexandre Estrela, com curadoria de Bruno Marchand, apresentará obras de “um dos artistas mais relevantes no panorama artístico contemporâneo e o primeiro artista português a expor no MoMA, em Nova Iorque”, em dezembro de 2023.

Nesta mostra, a Culturgest apresenta os desenvolvimentos recentes das investigações do artista, através de uma seleção de obras realizadas na última década e nas quais concorrem alusões a fenómenos da natureza, ao comportamento animal ou à noção de medo.

Na mesma altura irá inaugurar a exposição Editoria Errância, com curadoria de Catarina Rosendo, que apresenta — reunida de forma inédita – uma seleção de cartazes, mupis, folhetos, gravuras, livros, lenços e revistas, impressos nos mais variados meios, da artista Isabel Carvalho, nascida no Porto, em 1977.

Pela primeira vez em Portugal, realiza-se uma exposição de Jean Painlevé, “uma das figuras mais peculiares da cultura francesa do século XX”, um criador pioneiro, documentarista e fotógrafo da vida animal e, em particular, da fauna subaquático, que fez parte dos circuitos artísticos de vanguarda da primeira metade daquele século “por via do arrojo estético e experimental dos seus filmes e imagens”.

Nesta exposição, com curadoria da plataforma artística Ampersand (Alice Dusapin e Martin Laborde), em colaboração com Baptiste Pinteaux, reúne-se um conjunto de filmes, fotografias e objetos “que permitirão mapear as diversas declinações do universo singular deste autor”.

A Culturgest voltará a estar “Fora de Portas”, um programa que inclui a exposição Algo que Jamais Tem Fim, no Panteão Nacional, com curadoria de Hugo Dinis, assinalando a efeméride dos 110 anos do nascimento de João Hogan, para homenagear o artista português e apresentar a multiplicidade e diversidade do seu trabalho.

Na área das conferências, em setembro estará presente em Lisboa a antropóloga Nastassja Martin que apresenta o seu filme e livro Acreditar nas Feras, e, em janeiro, a filósofa espanhola Adela Cortina estará na conferência “Democracia Radical”.

Em parceria com o Goethe-Institut Portugal, a Culturgest abordará a crise da habitação com o festival Uma Revolução Assim — Luta e Ficção: a Questão da Habitação, um diálogo coletivo sobre que tipo de sociedade queremos construir, e promover o pensamento sobre outras formas de viver e habitar.

Em outubro, Rob Hopkins e Filipa Pimentel promovem um debate em duas partes para refletir sobre o modo como as tecnologias atuais se relacionam com os seres humanos, integrado num projeto da revista Contemporânea: “Como se Apaixonar pelo Futuro: Libertar o Poder da Imaginação”, palestra interativa que faz um apelo à ação e à imaginação coletiva, e “Mitologias (Po´s-)humanas e Ficções Tecnológicas”.