José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, considera que o próximo Procurador-Geral da República não pode ser “uma pessoa calada” e é imperativo que tenha “capacidade de comunicação”. Em entrevista ao JN e à TSF, o social-democrata traça um perfil para o sucessor (ou sucessora) de Lucília Gago e insiste que é preciso uma mudança na forma como Ministério Público explica e contextualiza as decisões.

“[O PGR] deve comunicar, deve clarificar, deve esclarecer aquilo que não toque em processos pendentes, mas que está no espaço público como polémica. E acho que a Assembleia da República é o local, por excelência, onde a dimensão institucional se deve fazer ainda de forma mais sublimar. É o espaço da democracia, do escrutínio do povo”, defendeu Aguiar-Branco.

Mesmo evitando fazer críticas diretas à atuação de Lucília Gago, Aguiar-Branco não deixou de questionar a opção recorrente pelo “silêncio” — a primeira e única entrevista que a PGR deu aconteceu este mês e já na reta final do mandato (embora possa, em teoria, ser reconduzida). Para o o presidente da Assembleia da República, a não prestação de contas tende a voltar-se contra os protagonistas.

“Num mundo de comunicação, quando há situações que estão no espaço público – e que provocam, muitas vezes, juízos e suspeições infundadas –, o silêncio é pior do que a clarificação. E o momento em que se faz o esclarecimento também é: uma coisa é fazê-lo numa fase onde não de deixa evoluir um determinado juízo, cortando de raiz quaisquer ideias descabidas; outra coisa é fazê-lo ‘quando já Inês é morta’ e já toda a gente formulou o seu juízo de valor. Aí é mais difícil fazer a reparação desses juízos.”

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