Pode uma das marcas mais conceituadas do mundo juntar-se a um evento de desporto? Sim, nos Jogos Olímpicos pode. A Louis Vuitton (LVMH) é uma das principais parceiras da edição deste ano da competição que decorre em Paris e a sua influência não se ficou apenas por um contrato de patrocínio a troco de 150 milhões de euros. Foi a famosa marca, juntamente com a relojoaria de luxo Chaumet — integra a LVMH —, que desenhou as medalhas destes Jogos. Foram produzidas cerca de cinco mil medalhas.
A LVMH escolheu a “sua” Chaumet, relojoaria fundada em 1780, que tem sede em Paris e comprada em 2012 pela LVMH, para desenhar as medalhas. É a primeira vez na história dos Jogos Olímpicos que um joalheiro é escolhido para fazer o desenho do objeto mais cobiçado pelos atletas. Em 1924, na edição francesa dos Jogos Olímpicos, o designer André Rivaud ficou encarregue de criar o desenho, que se caracterizou por ter uma harpa e um atleta de pé a ajudar outro a levantar-se.
Com pouca experiência no ramo do desporto, a empresa com cerca de 30 funcionários, meteu mãos à obra e criou as medalhas conforme os critérios aplicados pelo Comité Olímpico Internacional (COI): o diâmetro tem de ter 85 milímetros, o peso varia entre os 455 gramas (para a medalha de bronze) e os 539 gramas (para o ouro). Além disso, as medalha possuem fragmentos de ferro da Torre Eiffel, que pesam 18 gramas e foram utilizados para esboçar o símbolo oficial de Paris-2024.
“Estas placas [de ferro] foram armazenadas num local secreto para ser utilizadas em possíveis reparos do monumento. Tivemos que desmontá-las e retirar o chumbo antes de realizarmos os testes”, afirmou ao Le Monde Joachim Roncin, responsável de design dos Jogos Olímpicos. Já Clémentine Massonnat, responsável de design da Chaumet, explicou que a ideia passava por “cortar o ferro em hexágono, centralizá-lo e fixá-lo como se fosse uma pedra preciosa”. “Para que o olhar fosse atraído para a pedra, desenvolvemos uma lapidação de raios irregulares à sua volta”, acrescentou.
No verso, a medalha contém a imagem de Nike, a deusa grega da vitória, juntamente com o Estádio Panatenaico e a Acrópole grega, berço dos primeiros Jogos. A grande novidade está no lado direito, onde aparece a Torre Eiffel.
Na versão paralímpica, a medalha contempla o monumento visto de baixo.
As medalhas foram produzidas na Monnaie de Paris, a homóloga da Casa da Moeda francesa, que ainda teve de enfrentar, em abril, greves com os trabalhadores a exigirem um complemento salarial, a que chamaram o bónus olímpico, como o oferecido às forças de segurança. Apesar de alguns trabalhadores terem feito greve, a entidade garantiu que a produção das medalhas não foi comprometida.
Depois de produzidas foram armazenadas em local seguro e contendo, cada uma das embalagens, um microchip. Para garantir que quem sobe ao pódio terá a medalha para pôr ao peito.