Os CTT tiveram lucros de 19,8 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, uma queda de 23,9% face aos 26 milhões que lucraram em igual período do ano passado. Os resultados brutos (EBIT, resultados antes de juros e impostos) recorrentes caíram 27,6%, para 35 milhões de euros, com os custos operacionais a subirem mais (13,3%) do que as receitas (9,1%).

Para o crescimento das receitas, os CTT são cada vez mais dependentes do negócio de encomendas e expresso, que já pesam 40% dos rendimentos, . E esta é uma linha de aposta da empresa, a par do Banco CTT. É que o negócio tradicional de correios continua em queda (em termos de tráfego), ainda que pesem 45,9% dos rendimentos operacionais. O Banco CTT pesa 12%.

Os rendimentos fixaram-se em 524,3 milhões de euros, com o expresso e encomendas a atingir 210,4 milhões. A importância deste segmento levou os CTT a mudar o reporte dos negócios para duas grandes áreas: logística; e banco e serviços financeiros.

Em particular Espanha está em crescimento. No segundo trimestre o tráfego atingiu os 526 mil objetos por dia, tendo só em Espanha sido de 368 mil objetivos/dia, quase tanto como o conseguido no quarto trimestre (o mais forte, devido ao natal). A imposição da tarifas às importações chineses de produtos abaixo dos 150 euros por Bruxelas pode vir a ter impacto nos negócios da Shein e Temu, mas a preocupação é residual. Ao Eco a empresa declarou que “a competitividade geopolítica vai continuar a existir e a estratégia dos CTT sempre foi diversificar a sua base de clientes, não olhando nem a nacionalidades nem a tipologias de produtos ou à dimensão das empresas.”

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Este negócio das encomendas e expresso conseguiu compensar o que foi perdido pelos serviços financeiros (venda de dívida pública, como certificados de aforro), que sofreram com as alterações concretizadas pelo anterior Governo, no ano passado, que determinou a criação de uma nova série destes produtos com uma taxa de juro menor e um limita de 50 mil euros de subscrição — o que levou a uma queda grande na subscrição de certificados de aforro. Os CTT têm assumido que esperam que esse produto volte a ser revisto.

Ainda assim acabam por fazer depender das condições o nível de EBIT recorrente que esperam, para o ano, para o conjunto das atividades. Essa projeção foi novamente revista em alta, mas situada num intervalo entre 80 e 90 milhões de euros — o que depende dos serviços financeiros ficarem nos 10 milhões ou nos 20 milhões. Sem os serviços financeiros o EBIT recorrente deverá situar-se no conjunto do ano nos 70 milhões.

“Os volumes de colocação de dívida pública mantêm- se a níveis reduzidos, muito abaixo do normal, como consequência das limitações impostas na subscrição de certificados de aforro”, diz a empresa de correios em comunicado. No primeiro semestre deste ano, foram efetuadas subscrições de 621,1 milhões, o que compara com 11,4 mil milhões de euros de subscrição em igual período do ano passado. “Os CTT continuam confiantes de que os níveis de colocação tenderão a reverter para a normalidade, i.e., para média observada anteriormente a 2022-23, sendo que recentes afirmações do Ministro das Finanças apontam para uma melhoria das condições deste produto”.

Já pode subscrever certificados de aforro através da “app” dos CTT

O Banco CTT continua, por seu lado, a aumentar o número de contas e a crescer em rentabilidade e negócio. Os CTT ainda aguardam autorização para a entrada da Generali no seu capital (8,7%).

Também aguarda ainda a decisão sobre a penalização por não ter cumprido os níveis de serviço nos serviços postais abrangidos pelo serviço universal que agora já não será ao nível dos preços, mas em obrigatoriedade de investimentos, ainda não quantificados.