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A nadadora Ana Carolina Vieira foi afastada dos Jogos Olímpicos de Paris e expulsa da Aldeia Olímpica este domingo. Já depois de ter participado na prova de 4×100 metros livres (não conseguindo ir à final), Ana Carolina Vieira foi informada de que, por alegadamente ter saído do recinto dos atletas sem autorização, após a cerimónia de abertura — para dar um passeio pela capital francesa juntamente com o namorado, também ele atleta de natação —, seria imediatamente expulsa e mandada de volta para o Brasil. Nas redes sociais, a nadadora revelou denúncias antigas de “assédio” na seleção brasileira e garantiu: “Vou provar que não tive má conduta nenhuma.”
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O caso foi conhecido no domingo. Depois de algumas publicações nas redes sociais com conteúdos sobre a cidade de Paris, na noite de sexta-feira, após a cerimónia de abertura dos Jogos, o casal foi convocado para uma reunião com membros do Comité Olímpico Brasileiro (COB). Nesse encontro, foram informados de que seriam punidos por atos de indisciplina e tiveram conhecimento das penas aplicadas: expulsão imediata, no caso de Ana Carolina Vieira, e advertência, no caso de Gabriel Santos.
A diferença nas penas aplicadas estará relacionada com uma agravante aplicada à nadadora, que, segundo o COB, já teria contestado “de forma desrespeitosa e agressiva” uma decisão anterior do organismo. Em causa, nesse confronto, estaria a decisão do COB de afastar uma outra nadadora, Mafê Costa, da prova de 4×100 metros livres, disputada no primeiro dia oficial de competições, no sábado. Vieira contestou e acabou admoestada pela organização.
Citado pelos meios de comunicação social brasileiros, o chefe da equipa de natação do Brasil em Paris foi duro nas considerações sobre a saída de sexta-feira do casal:
Todos sabem que viemos trabalhar, e trabalhar pelo Brasil, não para passeios de férias, nem para brincar, viemos trabalhar pelo Brasil”, disse Gustavo Otsuka.
Nadadora diz-se “desamparada” e garante: “Vou provar” inocência
Depois de saber que teria de abandonar Paris de forma imediata, Ana Carolina Vieira recorreu às redes sociais para apresentar a sua defesa do caso. Os vídeos foram publicados quando a nadadora já se encontrava em Portugal, a meio da viagem entre Paris e São Paulo.
“Não consegui contacto com ninguém no momento em que saí da sala [onde] me anunciaram que estava fora por má conduta. Graças a Deus, eu vou provar que não tive má conduta nenhuma. A partir do momento que saí da sala, a minha cara já estava em todas as páginas possíveis. Não consegui ter contato com ninguém, não consegui ficar sozinha, tinha uma moça me acompanhando o tempo todo. Pedi pra ela me deixar falar com o psiquiatra o tempo todo, pedi água e não podia pegar”, denunciou.
Nos vídeos — foram publicados quatro stories com a versão da nadadora —, Ana Carolina Vieira fala numa decisão comunicada com efeitos imediatos e sem direito a contestação. “Saí de lá, deixei meus materiais, não sabia o que fazer. As minhas coisas estão lá, fui para o aeroporto de [calções] e tive que abrir minha mala toda. Deixei minha mala, saí de lá. Estou em Portugal, vou para Recife e depois para São Paulo. Estou desamparada”, desabafa.
Denúncias de “assédio” que não tiveram resposta
Mas Vieira não se limitou a falar sobre a decisão anunciada no domingo. Nos vídeos, faz ainda referência a uma denúncia que já tinha apresentado sobre um alegado caso de “assédio” na seleção de natação do Brasil — não fica claro que em momento a denúncia terá sido apresentada nem os contornos exatos do episódio que levou a essa decisão.
“Ela (a funcionária) mandou-me entrar em contacto com os canais do COB. [Mas] como vou falar com o COB, sendo que já fiz uma denúncia e nada foi resolvido de assédio dentro da seleção? Assim, espero que vocês consigam se conter um pouco que eu vou falar tudo com os advogados. Prometo falar tudo, é isso. Estou bem, estou triste, nervosa, mas estou com o coração em paz. Sei quem eu sou, do meu caráter, da minha índole. Espero ainda poder defender a natação brasileira feminina, só peço tempo e um pouco de paciência.”