Os dois dias de adiamento causaram alguma ansiedade. Gustavo Ribeiro, que deveria ter disputado as eliminatórias da vertente street de skate no sábado de manhã, só entrava em ação esta segunda-feira devido à chuva do fim de semana. Ainda assim, nem os dois dias de adiamento controlavam um entusiasmo natural — um entusiasmo que se revelou inconsequente. 

O skater português falhou o acesso à final da tarde desta segunda-feira, terminando as eliminatórias em 17.º lugar de 22 e bem longe dos oito apurados para a ronda que vai atribuir as três medalhas. Gustavo Ribeiro ficou inserido no terceiro heat, o que significa que teve de esperar bastante até entrar em ação, e nunca conseguiu demonstrar inspiração — mostrando-se até bastante desagradado com aquilo que ia fazendo, sem esboçar qualquer sorriso ou ar mais satisfeito.

Começou com uma run sofrível (48,31), com duas quedas, e não melhorou na segunda — que até recomeçou depois de ter chocado com uma câmara da transmissão televisiva durante uma manobra (33,37). Virtualmente eliminado já nesta fase, o atleta português chegou a chorar deitado no chão de numa das laterais do skatepark, visivelmente desiludido.

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Depois, nas manobras, o 93,83 que alcançou na segunda tentativa não apagou o falhanço nas outras quatro, terminando com um resultado acumulado de 142,14 que ficou muito longe dos 257,99 do eslovaco Richard Tury, o último qualificado para a final.

A prestação de Gustavo Ribeiro fica assim muito abaixo do expectável e daquilo que tinha alcançado em Tóquio 2020, quando conseguiu qualificar-se para a final e, aí, terminou num oitavo lugar muito condicionado pela lesão clara que tinha no ombro. Em declarações ao site oficial dos Jogos Olímpicos, o skater português explicou que não conseguiu “lidar com a pressão” no “momento da verdade” e acabou por falhar em manobras “que não deveria ter falhado”.

Gustavo Ribeiro acrescentou que vai agora “levantar a cabeça” e preparar-se para uma “longa caminhada”, agradecendo à família, aos fãs e aos patrocinadores. “Sei que ainda tenho mais dois Jogos Olímpicos pela frente”, sublinhou, atirando desde já a Los Angeles 2028 e Brisbane 2032. Mais tarde, em declarações ao Diário de Notícias, explicou que o skate pode ser “um pouco injusto”.

“Podes trabalhar durante anos, mas acordas num dia um pouco mais errado e, às vezes, as coisas não funcionam. Senti que hoje era o meu dia, estava bastante preparado, mas infelizmente não consegui andar de skate da maneira que eu queria. Apesar de tudo, tentei lutar até ao fim, mas, às vezes, como disse, as coisas não funcionam”, começou por dizer.

“Eu acho que, às vezes, acabo por meter um bocadinho de pressão em cima de mim mesmo, sempre disse e sei que funciono bastante bem com a pressão. Às vezes, a coisa não funciona. Hoje infelizmente não funcionou, queria bastante, mas agora é levantar a cabeça e continuar no nosso caminho”, terminou.