Foram precisas duas horas e 52 minutos para se conhecer o novo campeão olímpico masculino no quadro de singulares do ténis. Numa final entre dois extraterrestres e os grandes rivais da atualidade, o court Phillippe-Chartrie foi ao delírio e assistiu a história: Novak Djokovic tornou-se no quinto tenista a completar o golden slam — vencer Open da Austrália, Roland-Garros, Wimbledon, US Open e Jogos Olímpicos.

A final prometia ficar para a história ainda antes de ser jogada. Mais uma vez, Djokovic e Carlos Alcaraz estavam frente a frente. Desta feita a representar os respetivos países, com milhares de adeptos fervorosos nas bancadas, que ao longo do desafio foram expressando o seu apoio e colorindo o court de Roland-Garros. Ponto assente é que, qualquer que fosse o resultado, o título olímpico ia para um tenista que nunca o tinha conquistado.

No primeiro set, o sérvio até teve a seu favor o primeiro ponto de break do encontro, mas não o conseguiu converter e terminou o parcial a sofrer. No nono jogo, Nole teve de se aplicar para parar cinco break points de Carlitos e esteve à altura: salvou quatro junto à rede e fechou o jogo de serviço (5-4). Contudo, o set foi mesmo para tie-break e, nessa fase, a experiência de Djokovic veio ao de cima perante quatro erros não forçados de Alcaraz (7-6,3).

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No parcial seguinte, Novak voltou a beneficiar do primeiro break, mas o desfecho foi o mesmo. Com os jogos de serviço a dominarem e a darem uma autêntica masterclass, o set foi de novo para o tie-break. Na fase decisiva, aconteceu o que já tinha acontecido, Carlos continuou a somar erros e Djokovic fechou a partida com um sensacional 2-0 (7-6,3 e 7-6,2) ao cabo de quase três horas de jogo.

Com este triunfo, Nole conquistou o torneio que lhe faltava. Depois de vencer 24 vezes um torneio Grand Slam (10 Opens da Austrália, 3 Roland Garros, 7 Wimbledons e 4 US Opens), Djokovic completou, finalmente, o golden slam, ao vencer o torneio Olímpico. Na história, só quatro tenistas repetiram este feito: Andre Agassi, Steffi Graf, Rafa Nadal e Serena Williams. Para além disso, aos 37 anos, Djokovic tornou-se no terceiro tenista mais velho a vencer o torneio olímpico, naquela que foi a 99.ª conquista da sua carreira — a primeira da temporada.

“Foi uma batalha incrível, luta. Sinceramente, quando a minha última bola passou por ele [Alcaraz], foi o único momento em que acreditei que poderia vencer o encontro. Ele está sempre a lutar, a recuperar e a obrigar-me a jogar o meu melhor ténis. Foi justo terminar os dois sets em tiebreak. Eu não sei o que dizer. Ainda estou em choque. Coloquei o meu coração, alma, corpo, família, tudo em risco para ganhar o ouro olímpico aos 37 anos. O orgulho de jogar pela Sérvia é único. O Carlos e Rafa [Nadal] adoram jogar por Espanha, o Andy [Murray] pela Grã-Bretanha, o Roger [Federer] pela Suíça. É especial. É diferente”, partilhou o sérvio depois de vencer.