Pedro Pablo Pichardo nasceu em Cuba em junho de 1993. Jordan Díaz nasceu em Cuba em fevereiro de 2001. O primeiro representa Portugal, o segundo representa Espanha — e quis o destino que, em plena Península Ibérica, protagonizassem uma das rivalidades mais intensas das últimas décadas de triplo salto.

O último capítulo aconteceu esta sexta-feira, com Jordan Díaz a saltar mais dois centímetros do que Pedro Pablo Pichardo e a sagrar-se campeão olímpico do triplo salto à frente do português, que juntou a prata ao ouro conquistado em Tóquio. O início da história, porém, aconteceu há cerca de dois meses, nos Europeus que decorreram em Roma.

Abdicou, rezou, voou mas a história ficou a meio: Pedro Pablo Pichardo conquista prata a três centímetros de novo título

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Na altura, tudo começou quando Jordan Díaz deu uma entrevista na antecâmara da final europeia a garantir que se Pedro Pichardo conseguisse saltar 18 metros, ele próprio iria saltar “18 metros e um centímetro”. Dias depois, segundo o jornal Marca, os dois atletas cruzaram-se no refeitório do alojamento dos Europeus e tiveram de ser separados por colegas de profissão para não chegarem a vias de facto, com o português a referir ao espanhol que aquela tinha sido a “última vez” que tinha falado dele.

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Na final, tal como esta sexta-feira, ganhou Jordan Díaz. O espanhol saltou 18,18 metros e sagrou-se campeão europeu, o português saltou 18,04 e sagrou-se vice-campeão europeu — e Díaz não demorou até confirmar o desentendimento entre ambos. “Não percebo por que é que ele fez aquilo. Ficou zangado com uma coisa que era óbvia. Se venho a uma competição, venho para ganhar, mesmo que seja contra o campeão olímpico. Mas bem, ele entendeu como um ataque e eu não penso mais nisso. Ele vai à vida dele e eu vou à minha”, atirou o atleta.

Mas nada ficou por aí. Dias depois, através das redes sociais, Pedro Pichardo colocou em causa os 18,18 metros de Jordan Díaz e pediu esclarecimentos à organização da competição. “Gostaria de que a European Athletics, a World Athletics e os árbitros a cargo dessem uma resposta e um esclarecimento com brevidade sobre o que aconteceu na régua de salto no momento que o atleta espanhol faz aquela grande marca, numa competição deste nível não é normal fazer uma grande marca com a régua eletrónica desligada, o atleta já sai da caixa de areia a festejar sem nem sequer ter noção de onde tinha aterrado pois a régua já estava desligada. Parece que ele já sabia que me tinha ultrapassado mesmo antes da medição e sem a régua eletrónica estar ligada…”, escreveu.

Jordan Díaz também respondeu, sublinhando que um “atleta profissional ou adepto que não sabe que a régua é meramente informativa e que a distância é medida por um laser está em apuros”. Já na última semana, a rivalidade entre os dois voltou a surgir e com direito a novos intervenientes. Lázaro Martínez, que salta por Cuba, recorreu às redes sociais para manifestar a intenção de estar num pódio inteiramente “cubano” — mas sem Pedro Pichardo.

“A semana de Paris para protagonizar um pódio cubano com Andy Díaz [que representa Itália] e Jordan Díaz. Pichardo fica de fora”, escreveu, com o português a responder de imediato. “Não te esqueças de quem é o recorde nacional do teu país. Vemo-nos em Paris”, disse.