O antigo presidente do governo regional da Catalunha voltou a aparecer este sábado, depois de ter discursado em Barcelona na quinta-feira, após sete anos em fuga. Num vídeo publicado no X, supostamente de Waterloo, na Bélgica, Carles Puigdemont reconhece que se abriu uma nova etapa na Catalunha e define a sua fuga, a segunda, como “uma extração num contexto de repressão brutal”, desafiando mais uma vez a justiça.
“O novo cenário político que emergiu das eleições e a nova aliança tripartida não são as circunstâncias mais favoráveis, mas são o resultado de decisões legítimas”, começou por dizer, citado no El País.
Només hi ha un objectiu final que dona sentit a tot el que puguem fer: la llibertat. La llibertat individual i la llibertat del nostre país. pic.twitter.com/WvAJZlYxOa
— krls.eth / Carles Puigdemont (@KRLS) August 10, 2024
Depois de sete anos em fuga, a sua intenção com o regresso a Barcelona na quinta-feira era participar no voto de investidura do socialista Salvador Illa, afirma, explicando que a polícia o impediu de atingir o objetivo. “Tentar entrar no parlamento teria significado uma detenção certa”, continuou. “Nunca quis entregar-me a uma autoridade judicial que não tem competência para nos processar, que não tem interesse em fazer justiça, mas sim em fazer política”, acrescentou.
No vídeo, explica ainda que, como não foi possível aceder ao parlamento, tomou a decisão de regressar à Bélgica, a sua atual residência. “Sei o que estava a arriscar, mas apesar de tudo tentei o que a todos parecia impossível e que, se falhasse, teria tido custos enormes: uma extração num contexto de repressão brutal”, disse Puigdemont sobre o seu desaparecimento e posterior fuga na quinta-feira. “Poder regressar ao local e depois à minha residência belga, em Waterloo, tornou-se um objetivo”, afirmou
Puigdemont regressou à Bélgica, mas antes dormiu no norte da Catalunha
“Também não podia imaginar, nem eu nem muitos, que nesta estratégia de rebelião judicial contariam com a colaboração, que às vezes pareceu entusiasta, de um governo cujo tempo tinha acabado”, continuou, citado no ABC, acrescentando que “a repressão desencadeada neste momento é feroz e está a ser dirigida contra certas pessoas, especialmente com o desejo de vingança típico de outros tempos e regimes.”
Puigdemont considerou também que “podemos esperar os piores dias de repressão” de um governo do PP, “mas não do nosso governo” e, em todo o caso, adverte que, apesar destes tempos difíceis, “o processo de independência terminará com a independência”. Sublinhou ainda que se inicia “um novo período” com o Partido dos Socialistas da Catalunha à frente da Generalitat, que não tem “as circunstâncias mais favoráveis”, mas que não há lugar para “renúncias”.
“Só há um objetivo final que dá sentido a tudo o que podemos fazer e a tudo o que podemos sofrer, que é a liberdade. A liberdade individual e a liberdade do nosso país”, afirmou, terminando o vídeo.
Na quinta-feira, depois do discurso em Barcelona, o advogado de Puigdemont garantiu que o independentista “foi para casa, onde tem o seu local de trabalho”, que “nunca se entregará” e que o plano “saiu perfeito”.