As exportações de vinhos cresceram 8,58% em volume e 1,25% em valor no primeiro semestre face ao mesmo período de 2023, segundo a ViniPortugal, que lamenta a diminuição do preço por litro e atribui ao excesso de stock.

No primeiro semestre de 2024, foram exportados 171,5 milhões de litros no valor de 452,4 milhões de euros, sendo o preço médio de 2,64 euros por litro.

Em comunicado, a ViniPortugal afirmou que, “apesar do aumento expressivo em volume, o mesmo não foi acompanhado por um crescimento proporcional no que toca ao valor”, resultando numa diminuição homóloga do valor do preço médio em 6,52%.

Segundo a associação, tal “reflete a pressão dos stocks que se faz sentir no setor vitivinícola global”.

Citado no comunicado, o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão, considerou importante o aumento das exportações em volume, desde logo porque acontece “numa altura em que o setor vitivinícola se depara com um excesso de stock nas adegas” e porque significa que os vinhos portugueses são procurados nos mercados internacionais demonstrando “competitividade, resiliência e qualidade”.

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Contudo, afirmou, o setor continua “a ter um desafio no que toca ao preço médio, que se reduziu em vez de aumentar”.

Quanto aos mercados de exportação, em valor os principais são França (53,4 milhões de euros), Estados Unidos da América (50,1 milhões de euros) e Brasil (38,9 milhões de euros). Por volume, França mantém a posição de liderança (17,5 milhões de litros), seguida de Espanha (16,4 milhões de litros) e Angola (15,3 milhões de litros).

Em julho, em entrevista à Lusa, o presidente da ViniPortugal disse que o setor do vinho quer, em 2030, atingir exportações de 1.200 milhões de euros e crescer no preço médio para 3,19 euros por litro, para “garantir a sustentabilidade económica”.

Frederico Falcão defendeu ainda a agilização de verbas para financiar a promoção do vinho português e disse que o setor se está a debater com problemas de excesso de stock.

Para combater o excedente de vinho nas adegas, a ViniPortugal defendeu medidas, como já anunciadas a nível europeu, para destilar algum do vinho em excesso, cujo álcool será usado em outros fins.

Em 2023 houve uma redução de consumo de vinho em termos nacionais e mundiais. Em Portugal, a vindima também foi maior do que o normal em 2023 e o mesmo a ViniPortugal prevê para este ano, devido à reestruturação da vinha que a tornou mais produtiva.

Na semana passada, o ministro da Agricultura disse que os 15 milhões de euros de verbas comunitárias atribuídos a Portugal para a destilação de crise são “um paliativo” para ajudar a resolver o problema dos elevados stocks de vinho.

José Manuel Fernandes considerou que foi por falta de “proatividade” que se chegou até “um ponto [em que] não há onde meter o vinho”, sendo necessária uma nova destilação de crise.

Ao apoio de 15 milhões de euros da Comissão Europeia destinado à destilação de crise em Portugal, cuja portaria do Governo foi publicada na semana passada em Diário da República, o ministro disse que há que adicionar para a Região Demarcada do Douro 3,5 milhões de euros provenientes de saldos de gerência do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Também na semana passada, o governante disse que não quer “andar a pôr as regiões umas contra as outras” devido ao preço por litro da destilação do vinho”, mas que a produção de vinho é diferente entre regiões, em resposta a críticas sobre o preço aplicado à destilação do vinho.

A ViniPortugal agrupa associações e organizações do setor do vinho e tem como missão a promoção dos vinhos portugueses.