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As explosões que danificaram os gasodutos Nord Stream foram resultado de uma missão de sabotagem ucraniana que inicialmente terá sido aprovada pelo Presidente Volodymyr Zelensky, mas que avançou mesmo depois de o líder ucraniano cancelar os planos. A informação foi avançada pelo Wall Street Journal, que cita diversas fontes que participaram na operação e outras com conhecimento do processo. A Ucrânia já veio negar qualquer envolvimento.
O caso remonta a setembro de 2022, quando fortes explosões abalaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2, que transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha através do Mar Báltico. Inicialmente muitos assumiram que teria sido um ato da Rússia, mais tarde especulou-se sobre a possibilidade de a CIA estar por trás do ataque e no ano passado começou a circular a hipótese de um grupo pró-ucraniano ser o responsável pela sabotagem, depois de uma reportagem publicada pelo New York Times.
O Wall Street Journal revela agora que as explosões foram resultado de uma operação ucraniana que custou cerca de 300.000 dólares (à volta de 270.000 euros) e envolveu uma equipa de seis pessoas, entre soldados e civis com experiência marítima. Esta informação tem por base entrevistas com quatro funcionários de topo ucranianos, ligados ao setor da defesa e segurança e que participaram ou tiveram conhecimento direto do plano. Os seus relatos são corroborados por uma investigação de quase dois anos das autoridades alemãs. A exceção é o envolvimento de Zelensky, que o inquérito alemão não vinculou diretamente à operação.
A ideia de atingir o Nord Stream, disseram várias fontes ao Wall Street Journal, foi atirada numa noite de celebração pelos sucessos ucranianos no campo de batalha. “Eu rio-me sempre quando leio a especulação nos média sobre uma mega-operação a envolver os serviços secretos, submarinos, drones e satélites. Tudo nasceu de uma noite de muita bebida e da determinação de ferro de um grupo de pessoas que tiveram a coragem de arriscar as suas vidas pelo país”, disse ao jornal um membro da equipa que preparou o plano.
O Wall Street Jornal diz ainda que a missão foi aprovada pelo Presidente da Ucrânia, citando um elemento que participou no ataque e outras três fontes com conhecimento do processo. No entanto, Volodymyr Zelensky voltou atrás com a decisão. O motivo? Os serviços secretos militares holandeses (MIVD) ficaram a par dos preparativos e alertaram a CIA, que prontamente informou a Alemanha.
Foi a CIA que contactou diretamente Volodymyr Zelensky e pediu que cancelasse a missão, disseram as fontes do Wall Street Journal. O líder ucraniano deu ordem para interromper os planos, mas Valeriy Zaluzhniy, que à época era o comandante-chefe das Forças Armadas e estava a liderar o plano de ataque, ignorou a ordem e foi em frente com os preparativos.
Zaluzhniy, que agora é embaixador ucraniano no Reino Unido, negou ter conhecimento de tal operação, dizendo ao Wall Street Journal que qualquer sugestão em contrário era uma “mera provocação”. Do mesmo modo, um funcionário de topo do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) negou o envolvimento de Kiev e sublinhou que Zelensky “não aprovou a implementação de nenhuma ação destas no território de outros países”.
A estas vozes somou-se a do conselheiro de Zelensky, que acusou a Rússia de estar por trás das explosões. “Um ato destes só poderia ser levado a cabo com grandes recursos técnicos e financeiros … E quem possuía tudo isso à época das explosões? Apenas a Rússia”, sublinhou Mykhailo Podolya em declarações à agência de notícias Reuters.
O caso do Nord Stream já tinha voltado a dar que falar esta semana depois de ser conhecido que a Alemanha emitiu um mandado de detenção europeu ao ucraniano Volodomyr Z, um instrutor de mergulho ucraniano que vivia na Polónia. Os investigadores alemães acreditam que o homem e outros dois mergulhadores ucranianos estiveram envolvidos na colocação de explosivos nos gasodutos. O Wall Street Journal acrescenta que dado este passo, Berlim está agora a focar-se no eventual envolvimento de Zaluzhniy e dos seus aliados.